Título: Aftosa leva Brasil a suspender compra de carne do Paraguai
Autor: Yafusso, Paulo
Fonte: O Globo, 20/09/2011, Economia, p. 33

País vizinho decreta estado de emergência sanitária

CAMPO GRANDE. A entrada no Brasil de produtos e subprodutos de carne bovina vindos do Paraguai está proibida desde ontem. A determinação é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e se deve à identificação de um foco de febre aftosa em Sargento Loma, a 150 quilômetros de Iguatemi, cidade de Mato Grosso do Sul que faz fronteira com o Paraguai.

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, decretou situação de emergência sanitária e animal na região. A doença foi confirmada em 13 animais e o governo paraguaio estima que, por causa disso, pelo menos 800 animais devam ser sacrificados.

O superintendente do ministério em Mato Grosso do Sul, Orlando Baez, disse que, além da proibição, está sendo reforçada a vigilância na fronteira - cerca de 600 quilômetros de extensão:

- O Exército, que está realizando operação na região, está nos ajudando na fiscalização. Além disso, hoje temos dez equipes volantes percorrendo a faixa de fronteira e vamos duplicar.

O Exército iniciou na semana passada a segunda fase da Operação Ágata, para combater a criminalidade na região de fronteira com o Paraguai. As ações estão concentradas em Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A secretária de Produção e Turismo de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina Correia da Costa, disse que hoje serão analisadas, em Brasília, ações de apoio ao governo paraguaio no combate à doença. Ela acrescentou que, embora o preço da arroba do boi no país vizinho esteja mais alto, existe a preocupação da entrada ilegal de gado no estado.

- Pela distância, em duas ou quatro horas, os caminhões podem chegar transportando gado do lado de lá - afirmou.

A preocupação tem fundamento. Em 2005, a pecuária brasileira sofreu forte impacto quando surgiram focos de aftosa em algumas propriedades da região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Para controlar a doença e reconquistar o credenciamento para exportar ao mercado europeu, o Brasil teve que bancar o abate de milhares de bovinos. Mato Grosso do Sul tem o segundo maior rebanho do país. Dos cerca de 22 milhões de animais, 800 mil são de 13 municípios de fronteira.