Título: Anfavea admite que pode haver gargalo
Autor: Batista, Henrique Gomes; Miragaya, Fernando
Fonte: O Globo, 20/09/2011, Economia, p. 30

Importadores não decidiram se vão à Justiça. Ministra defende alta do imposto

SÃO PAULO. O presidente da Anfavea, associação das montadoras instaladas no país, Cledorvino Belini, admitiu que o aumento da exigência de conteúdo nacional para que os automóveis importados escapem do Imposto sobre Produtos Industrializados maior deve provocar "gargalos" em setores de autopeças, "que terão dificuldades para abastecer o mercado interno". Belini, presidente da Fiat no Brasil, esquivou-se ao ser perguntado se isso resultaria em aumento nos preços dos carros. Disse que as montadoras não pretendem elevar preços, mas "cada uma responde por si".

- São 19 fabricantes (instaladas no país) e com essa concorrência não deve haver aumento de preços, pois o compromisso das empresas é manter suas participações de mercado - disse o executivo.

Sobre o pacote que atinge os importadores independentes, Belini disse que "leu as medidas" como um "novo paradigma" para o setor, que passa a ter regras para atrair investimentos.

- Agora existe um novo modelo de produção local, com regras de nacionalização.

Os importadores independentes de veículos, reunidos na Associação Brasileira dos Importadores de Veículos Automotores (Abeiva), marcaram para sexta-feira reunião para decidir se vão recorrer ou não à Justiça contra o aumento do IPI. Segundo o presidente da entidade, José Luiz Gandini, não há consenso:

- Essa decisão de entrar na Justiça é terrível, porque, se se consegue uma liminar, começa a trazer o carro pela alíquota antiga e vende, mas depois pode perder a liminar e ter que pagar a diferença. Estamos tentando mostrar para o governo que ele está errado, que é injusto e que é preciso mudar o decreto.

A importadora da BMW já informou à Abeiva que entrará com uma ação na Justiça.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, saiu em defesa da alta do IPI de importados, em almoço com empresários do Grupo de Líderes Empresariais (Lide). Disse que a decisão foi negociada pelo governo e teve como contrapartida a garantia de que montadoras beneficiadas não aumentariam preços, além de investir mais em pesquisa e desenvolvimento. Após repetidas perguntas feitas pelo presidente do Lide, o empresário João Doria Jr., chegou a dizer, constrangida, que a medida poderia ser revisada. Depois, a jornalistas, voltou atrás.