Título: No ministério, assessor e diretor de departamento
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 18/09/2011, O País, p. 13

Boaventura continua a fazer parte de Conselho da Conab

BRASÍLIA.Quando Wagner Rossi deixou a Conab e se tornou ministro da Agricultura, em agosto de 2010, levou Boaventura Teodoro de Lima com ele. Na pasta, o amigo do ministro foi seu assessor especial, ocupando um DAS 5, cargo de confiança dos mais altos, com remuneração hoje equivalente a cerca de R$9 mil.

Depois, em janeiro de 2011, Boaventura foi nomeado diretor do Departamento de Infraestrutura Logística e Parcerias Institucionais da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Só foi exonerado desse cargo em 31 de agosto, a pedido. Saiu depois que Rossi foi obrigado a deixar o cargo de ministro. Para ocupar esses dois cargos de confiança no ministério, não é exigido terceiro grau.

Boaventura continua integrante do Conselho de Administração da Conab. A companhia informou que para integrar esse colegiado não se exige curso superior. A Conab evitou confirmar se Boaventura havia mesmo declarado à companhia que tinha curso superior e onde teria se formado. A estatal alegou não dispor dessas informações "pois ele não tem vínculo empregatício com a Conab". E disse que Boaventura "é apenas membro do Conselho (de Administração)".

O GLOBO tentou falar com Boaventura várias vezes. A Conab não informou seu telefone de contato. "Somente dispomos do contato particular e não estamos autorizados a fornecê-lo", afirmou a companhia.

Braço-direito é aliado do filho do ministro

Boaventura é aliado político do deputado estadual Baleia Rossi (PMDB), de São Paulo, filho de Wagner Rossi. A assessoria do parlamentar foi contatada, mas não localizou Boaventura e informou que o ex-ministro não está atendendo jornalistas desde que deixou o ministério.

A empresa esteve no centro da crise que atingiu o Ministério da Agricultura recentemente e derrubou Wagner Rossi do comando da pasta. A Conab foi utilizada para loteamento de cargos políticos. Até mesmo parentes de parlamentares conseguiram emprego no órgão. É o caso de Matheus Benevides Gadelha, que entrou na Conab em 2008. Ele é neto do ex-presidente do Senado e hoje deputado federal Mauro Benevides (PMDB-CE).

Nomeado em abril, Rodrigo Rodrigues Calheiros, filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), é assessor especial do novo presidente da Conab, Evangevaldo Moreira dos Santos, que assumiu o órgão no mesmo mês. Advogado e produtor rural, foi indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).