Título: Após oscilação, dólar recua 0,38% e Bolsa sobe 0,97%
Autor: Oswald, Vivian; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 27/09/2011, Economia, p. 21

Moeda fecha a R$1,822, mas ainda está 14,37% mais cara no mês. Ibovespa avança depois de cinco quedas

Após forte oscilação, o câmbio deu mais uma trégua ontem. O dólar comercial cedeu no fim do dia e teve baixa de 0,38%, a R$1,822. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), avançou 0,97%, aos 53.747 pontos, quebrando uma sequência de cinco quedas, mas crescendo menos do que nos EUA.

Lá fora, o alívio veio da expectativa de nova ação conjunta de autoridades europeias para aliviar a crise de dívida, com as possibilidades de o Banco Central Europeu voltar a comprar títulos de países em dificuldade e de a União Europeia fortalecer o fundo de resgate.

Em Wall Street também houve oscilação, mas o Dow Jones fechou em alta de 2,53%, o S&P 500 ganhou 2,33% e o Nasdaq avançou 1,35%. Na Europa, Londres subiu 0,45%, Paris teve alta de 1,75% e Frankfurt ganhou 2,87%.

No câmbio, foi a segunda queda seguida da moeda americana, que recuou 3,48% na sexta-feira. Ainda assim, a alta acumulada no mês está em 14,37%. Segundo analistas, o movimento ficou em linha com os mercados internacionais, com forte oscilação.

Após cair 0,93% na abertura, a moeda americana chegou a subir 2,02% na máxima do dia. Lá fora, a maioria das moedas passou a se valorizar diante do dólar no fim dos pregões.

Segundo Alfredo Barbutti, economista da corretora BGC/Liquidez, a pressão de investidores estrangeiros no mercado futuro de dólar parece ter se reduzido ontem e o movimento externo teve maior influência.

Já o gerente de mesa de câmbio da corretora Icap Brasil, Ítalo Abucater dos Santos, credita a volatilidade à redução do volume no mercado futuro ontem, quando foram negociados 363 mil contratos. Segundo Santos, a média da semana passada, que marcou forte alta no dólar, ficou entre 550 mil e 600 mil contratos.

A volatilidade também marcou o mercado de ações. O Ibovespa chegou a subir na abertura e depois inverteu a tendência, caindo 1,56%. A partir do início da tarde, porém, consolidou o movimento de alta. Na máxima do dia, registrou valorização de 1,21%, mas fechou em alta de 0,97%.

As ações da Petrobras, da OGX e da Gerdau que puxaram a valorização do índice. Petrobras PN (preferencial, sem voto) avançou 3,24%, a R$19,78, OGX ON ganhou 2,82%, a R$12,04, e Gerdau PN subiu 3,68%, a R$14,35. As duas primeiras foram influenciadas pela alta do petróleo.

Ações da Vale impedem alta maior no Ibovespa

Na outra ponta, os papéis da Vale impediram avanço maior, por causa do grande peso no Ibovespa. Vale PNA perdeu 1,22%, ficando em R$40,50.

Segundo analistas, o movimento atingiu o setor de mineração em geral, diante de expectativas de queda nas cotações do minério de ferro a curto prazo, por causa de ameaças de redução da demanda da China. As ações da BHP Billiton e da Rio Tinto, maiores concorrentes globais da Vale, também recuaram.

O diretor-executivo de metais não ferrosos da Vale, Tito Martins, disse ontem que o mercado pode sofrer ajuste de curto prazo.

- Os investidores estão com receio de que haja desaceleração na economia chinesa - diz Daniella Maia, analista da Ativa Corretora, destacando que relatórios setoriais já desaceleração na recomposição de estoques de minério de ferro na China.