Título: AMB reage e cobra: quem são os 'bandidos de toga'?
Autor: Otávio, Chico
Fonte: O Globo, 28/09/2011, O País, p. 3

Já OAB defende direito de CNJ de punir juízes e diz que mudar isso seria um grave retrocesso no país

BRASÍLIA. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) reagiu ontem com indignação às declarações da corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, que denunciou a existência de "bandidos de toga" infiltrados na magistratura. Por meio de carta, a AMB pede que a corregedora aponte nomes e fatos que comprovem tal afirmação. A corregedora fez a acusação em entrevista à Associação Paulista de Jornais.

Segundo o presidente da AMB, Nelson Calandra, a ministra foi acometida de "destempero verbal" e propagou "lendas", às vésperas de o Supremo Tribunal Federal (STF) julgar ação que a entidade move contra resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para normatizar a punição de magistrados acusados de irregularidades.

AMB diz que houve "ataques sem provas"

Por meio de nota, a AMB afirmou que as declarações de Eliana Calmon representam "graves ofensas à integridade da magistratura". "Foram publicados ataques impróprios, sem nomes, sem provas e sem o legítimo e constitucional direito de defesa", acrescenta o documento. O presidente da AMB negou a existência de "bandidos de toga" e apresentou levantamento da entidade que aponta a existência de cem processos disciplinares no CNJ, dos quais 48 resultaram em punições. Ao mesmo tempo, afirmou que 16.108 magistrados trabalham no Brasil.

- O destempero verbal surge por sua convicção. Nossa divergência institucional é profunda. A magistratura não precisa de guardas para guardar os guardas - afirmou Calandra.

Para OAB, há risco de Justiça voltar a ser caixa-preta

Em outra frente dessa discussão, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, criticou ontem a ação da AMB contra a resolução do CNJ. Ophir afirmou que a revogação da norma que fortalece a fiscalização dos juízes seria um grave retrocesso e advertiu que a AMB é movida, nesse caso, pela ação de tribunais cujas corregedorias são, historicamente, ineficazes.

- Essa Adin (Ação Direita de Inconstitucionalidade) tem como objetivo fazer com que o Judiciário volte a ser uma caixa-preta, cenário com o qual a OAB não pode concordar. Caso seja aprovada, serão retirados da sociedade o controle e a fiscalização que vêm sendo feitos com muita responsabilidade pelo CNJ - afirmou Ophir.