Título: Mudança no traçado pode tornar a estrada inviável, diz OAS
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 28/09/2011, O Mundo, p. 34

Uma eventual mudança no traçado da estrada que liga Villa Tunari a San Ignacio de Moxos pode tornar a obra inviável economicamente, disse ontem o diretor da Área Internacional da construtora OAS, César Uzêda. Ele explica que a estrada tem extensão total de cerca de 300 quilômetros. O trecho dois, que está em discussão na Bolívia, representa quase 47% da obra e metade dele passa por uma reserva indígena:

- Existe alternativa no trajeto, mas isso aumentaria muito o tamanho da estrada. Economicamente ela poderia se tornar inviável. Estamos falando de um parque de 1,1 milhão de hectares. Isso resultaria em mais 150 quilômetros de construção.

Uzêda explica que a construção dos trechos um e três, que não passam pela reserva, continuam em andamento. Ele ressalta que o governo da Bolívia é soberano para decidir o futuro do projeto, com manutenção ou alteração do traçado. Atualmente, cerca de 1.200 pessoas trabalham na obra. A previsão de conclusão integral da estrada está prevista para 2014. O trecho que passa pela reserva ainda não tem licenciamento ambiental e tinha início de construção estimado em julho de 2012.

O financiamento de US$332 milhões aprovado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) representa cerca de 80% do custo total da obra e ainda não foi liberado. Caso o traçado seja alterado em decorrência do referendo popular o projeto deverá ser reapresentado ao banco. O BNDES afirma que é cedo para comentar o episódio, mas esse é o procedimento normal em caso de alterações em obras de infraestrutura. Segundo Uzêda, o financiamento foi dividido de acordo com os trechos. Mesmo que a discussão sobre a passagem pela reserva continue, isso não impede o financiamento a exportações para os outros trechos.

Para Emílio Telleria, diretor da Câmara de Comércio Brasil-Bolívia, a principal importância do projeto, que faz parte do chamado Corredor Bioceânico, planejado para ligar o porto de Santos, no oceano Atlântico ao de Iquique (Chile), no Pacífico, é a integração da economia boliviana:

- O caminho abre oportunidades para as pessoas se estabelecerem ali, isso aumentaria a integração social.

Os fatores que preocupam os índios são justamente a perspectiva de maior povoamento e a expansão da fronteira agrícola.