Título: Reação do PIB piora contas externas
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Fonte: Correio Braziliense, 26/08/2009, Economia, p. 15

Bastou a economia dar sinais de que está saindo da crise para as contas externas do país se deteriorarem. Segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central, voltaram a crescer a remessa de lucros e dividendos, os gastos dos brasileiros com as viagens internacionais, o pagamento de juros e os gastos com transporte (veja quadro). Enquanto isso, o saldo da balança comercial, que vinha subindo quase 50% nos primeiros quatro meses do ano, praticamente estacionou de maio a julho, o que também contribuiu para deixar o deficit em transações correntes o dobro do estimado pelo Banco Central.

Em julho as transações correntes ¿ que abrangem o resultado da balança comercial, da conta de serviços e as transferências unilaterais (dinheiro que os brasileiros no exterior remetem para o país) ¿ ficaram no vermelho em US$ 1,7 bilhão. O BC esperava US$ 1,2 bilhão. Nessa conta, o deficit acumulado no ano está em US$ 8,7 bilhões.

O chefe do departamento Econômico do Banco Central (Depec), Altamir Lopes, explicou que a piora nos resultados das contas externas decorre da aceleração da economia. ¿À medida que o nível de atividade aumenta, as despesas também crescem¿, ponderou. Para provar isso, ele separou os primeiros sete meses do ano por blocos. De janeiro a abril, por exemplo, a remessa de lucros e dividendos caiu 57,3% em relação a igual período de 2008. De maio a julho, essa queda foi menor, de 24,9%, o que significa que as empresas estão lucrando e remetendo mais dinheiro para suas matrizes no exterior.

Viagens internacionais Nas viagens internacionais, os brasileiros voltaram a gastar praticamente o mesmo volume de antes da crise. Pela primeira vez desde setembro de 2008, o gasto dos brasileiros no exterior superou o US$ 1 bilhão, atingindo US$ 1,045 bilhão em julho último. As receitas, que correspondem ao gasto de estrangeiros no Brasil, estão mais equilibradas. Os estrangeiros gastaram no país US$ 445 milhões no sétimo mês do ano. Em julho do ano passado, esse gasto havia sido de US$ 468 milhões.

Segundo Altamir Lopes, o investimento direto, que financia parte significativa das transações do país com o exterior, se mantém dentro do esperado. A exceção foi em julho, quando o investimento estrangeiro direto ficou em US$ 1,28 bilhão, cerca de US$ 400 milhões menor que o projetado. Lopes atribuiu a queda a uma operação de retorno de investimento direto de uma empresa do setor automotivo. No acumulado do ano, o investimento estrangeiro direto soma US$ 13,971 bilhões. Para 2009, a estimativa do Banco Central para o ingresso de investimento direto é de US$ 25 bilhões.

Desempenho

A retomada da economia, ainda que em níveis baixos, agrava alguns indicadores do país

Viagens internacionais

» Janeiro a abril de 2009 ¿ recuo de 38,7% em comparação a igual período de 2008.

» Maio a julho de 2009 ¿ declínio de 21,2% em comparação a igual período de 2008.

Remessa de lucros e dividendos

» Janeiro a abril de 2009 ¿ redução de 57,3% frente a igual período de 2008.

» Maio a julho de 2009 ¿ diminuição de 24,9% frente a igual período de 2008.

Transportes

» Janeiro a abril de 2009 ¿ deficit cai 40,5% em relação a igual período de 2008

» Maio a julho de 2009 ¿ queda de 35,5%. Em relação a igual período de 2008

Fonte: Banco Central