Título: Após discurso, encontros sobre crise econômica e caças da FAB
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 22/09/2011, O País, p. 4

Dilma teve cinco reuniões bilaterais. A Sarkozy, disse que adiou decisão sobre jatos

NOVA YORK. Numa maratona de cinco encontros bilaterais, depois de discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU, a crise econômica global e as suas consequências dominaram a maior parte das conversas da presidente Dilma Rousseff com chefes de Estado europeus e latino-americanos. Mas a presidente tratou também de economia interna, como a polêmica compra dos novos caças brasileiros, na audiência que teve com o presidente da França, Nicolas Sarkozy - que ainda pretende vender ao Brasil os jatos franceses Rafale, da Dassault.

Dilma, no entanto, deu uma má notícia a Sarkozy: disse que a discussão sobre essa compra está adiada, por enquanto, devido ao contingenciamento orçamentário. E mais: ficou de falar no assunto novamente somente daqui a um ano, conforme o desenrolar da crise mundial.

Ao falar do encontro de Dilma com Sarkozy, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse que os dois discutiram ainda parcerias estratégicas:

- Mas, por conta das restrições orçamentárias, esse debate sobre os caças fica postergado - disse Patriota.

Sobre a crise econômica global, a discussão com Sarkozy e com o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, girou em torno até mesmo das turbulências do euro e da convicção de que não é possível a situação se agravar mais ainda na região. Trataram, em especial, da preocupação com a Grécia. Os líderes francês e britânico afirmaram que a Europa não deixaria o país quebrar.

Apoio à reivindicação de assento permanente na ONU

Os dois chefes de Estado europeus ainda manifestaram apoio à reivindicação do Brasil para se tornar membro permanente da ONU. Amanhã, em Nova York, haverá um encontro do G-4, onde os países deverão aprovar declaração reforçando a necessidade de reforma do Conselho de Segurança da ONU, com ampliação das vagas permanentes e não permanentes.

Além de Sarkozy e David Cameron, a presidente teve encontros bilaterais com os presidentes do Chile, Sebastián Piñera; do Peru, Ollanta Humala; e da Colômbia, Juan Manuel Santos.

Com os presidentes de países vizinhos, Dilma acertou um encontro com os ministros de Economia ou Finanças das nações, além dos presidentes de cada Banco Central, para discutir a questão econômica. A ideia é que esse encontro ocorra antes da reunião do G-20, marcada para o início de novembro. O Brasil e a Argentina iriam para o G-20 já com uma avaliação mais alentada dos efeitos ou não da crise na região.

Segundo relato do chanceler Antonio Patriota, todos os chefes de Estado cumprimentaram a presidente pelo discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU.

Segundo Itamaraty, discurso repercutiu bem

De acordo com a avaliação do Itamaraty, o discurso da presidente Dilma foi uma mensagem de "coragem" e repercutiu muito bem. E que se torna cada vez mais consolidada a visão dentro das Nações Unidas de que é preciso reformar o Conselho de Segurança.

Na véspera, Dilma teve um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.