Título: Deputado do DEM quer revogar aumento do IPI
Autor: Oliveira, Eliane; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 21/09/2011, Economia, p. 25

Além do projeto de decreto legislativo apresentado ontem, oposição deve ir ao STF

BRASÍLIA e NOVA YORK. A oposição decidiu agir em duas frentes para barrar o aumento de 30 pontos percentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados incidente sobre automóveis importados, à exceção dos fabricados no México e na Argentina. Ontem, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) apresentou um projeto de decreto legislativo revogando a medida do governo. O próximo passo será dado no Judiciário, provavelmente com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal.

- Tenho de ser realista, não gosto de vender ilusões. Precisamos da adesão da maioria dos parlamentares e sou deputado da oposição. Minha atitude vai ao encontro da opinião pública - disse Mendonça Filho.

Segundo ele, além do aumento do preço dos automóveis nacionais, o consumidor brasileiro também deve perder em qualidade. Em sua opinião, o governo fez uma "lambança":

- O governo deve se preocupar, no mínimo, com quatro reações: do consumidor brasileiro, do Parlamento, do Judiciário e da Organização Mundial do Comércio.

Em Nova York, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse que o governo não vai recuar na decisão de aumentar o IPI dos importados. Pimentel disse que o Brasil não descumpriu regra prevista na OMC. Ele afirmou que a medida foi adotada para proteger o mercado interno, e que as empresas que costumam importar carros na totalidade, como as japonesas, acabarão antecipando planos de se instalar no Brasil.

Contrariado por ter de comentar o assunto, Pimentel chegou a dizer que toda a reação das empresas era "bobagem".

- É uma bobagem. Por que abriríamos mão? Acabamos de tomar a medida. Não é protecionista, de forma nenhuma. Protecionista seria se tivéssemos proibido as importações. Nós não estamos fazendo isso. A Argentina não foi atingida, o México não foi atingido. As empresas que têm produção no Brasil não foram atingidas, ainda que importem uma parte da produção. É simples assim.

(*) Enviada especial