Título: Promessa de distribuir remédios foi cumprida
Autor: Gois, Chico de; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 25/09/2011, O País, p. 19
Outros programas também já saíram do papel, como o Brasil Sem Miséria e nas áreas de educação e fronteiras
BRASÍLIA. Passado o primeiro mês de governo, a presidente Dilma Rousseff pôs em prática uma de suas inúmeras promessas de campanha: a distribuição gratuita de remédios contra hipertensão e diabetes. Foi uma solenidade de pompa, com direito a campanha publicitária do governo na TV, posteriormente. A primeira medida anunciada por Dilma, porém, foi feita no impacto da surpresa: a tragédia das chuvas na Região Serrana do Rio a obrigou a visitar o local e anunciar que o governo construiria seis mil casas para desabrigados.
Ciosa por manter em sigilo programas que ainda não estejam totalmente definidos para lançamento, Dilma se traiu de início. Em fevereiro, por exemplo, declarou que, três meses depois, lançaria o Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica, o Pronatec. Se fosse um ministro que tivesse incorrido na falta, a bronca seria certa. Aliás, foi na área de educação onde Dilma mais apareceu nesses primeiros nove meses de governo.
Além do Pronatec, lançou o programa para construção e cobertura de quadras - que ainda está com execução baixa -, fez cerimônias para assinatura de convênios para a construção de creches, e prestigiou um seminário do Ministério da Educação para discutir o sistema de compras. O ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, lucrou politicamente com a participação da chefe.
A erradicação da miséria, a principal proposta de sua campanha, também foi colocada em prática. Antes mesmo de o programa ser efetivado, o slogan do governo já havia se adaptado ao rumo que Dilma quer para seu mandato: País Rico é País sem Pobreza. O Brasil sem Miséria foi lançado em junho e tem sido tema dos discursos que a presidente faz rotineiramente, além de reuniões cotidianas com integrantes de vários ministérios.
Dilma também conseguiu pôr em pé outra proposta sua, que foi tema de intensos debates durante o período eleitoral: maior proteção às fronteiras. Os ministérios da Justiça e da Defesa se uniram para traçar uma estratégia comum e tentar evitar o tráfico e contrabando nas regiões. Os resultados ainda são tímidos.
Algumas ações da presidente, neste início de mandato, foram apenas continuidade do que já vinha sendo desenvolvido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em junho, ela lançou a segunda etapa do Minha Casa Minha Vida. O mesmo aconteceu com os centros regionais de referência dentro do Programa Nacional de Combate ao Crack, que já havia sido colocado em prática no governo Lula.