Título: Firjan estima gasto com aviso prévio em R$1,9 bi
Autor: Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 23/09/2011, Economia, p. 31

Especialista diz que medida vai atingir parcela pequena de demitidos. Em 2010, só 23% tinham 2 anos de casa

FILA DE DESEMPREGADOS no Centro: novo aviso prévio não poderá ser retroativo. Especialista teme o aumento da informalidade no mercado

RIO e SÃO PAULO. A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) calculou em R$1,9 bilhão o gasto extra anual que as empresas brasileiras terão com o aviso prévio maior, que pode chegar a 90 dias. Segundo a federação, o pagamento do aviso prévio por parte das empresas será encarecido em 21% e causará desestímulo à geração de empregos formais no país e redução da competitividade do produto brasileiro. Já o especialista Hélio Zylberstajn, professor da faculdade de economia da USP, diz que o impacto será pequeno, já que a maioria dos trabalhadores deixa as empresas antes de completar dois anos de contratação. Pelas contas do economistas, apenas 23% dos demitidos em 2010 com emprego formal tinham mais de dois anos de casa.

Pela regulamentação aprovada anteontem pela Câmara, por cada ano trabalhado, o empregado ganha mais três dias de aviso prévio, podendo chegar a 90 dias. Para José Pastore, consultor da área trabalhista, o projeto trará mais custos às empresas e estimulará ainda mais a informalidade no país.

- Isso é preocupante, principalmente em um momento em que se fala em desoneração. A medida significará custo 10% maior para cada ano trabalhado, sem contar os encargos que incidem sobre a demissão.

CUT queria uma discussão maior sobre o tema

Citando dados do Caged, Zylberstajn observa que dos 17 milhões de trabalhadores formais desligados em 2010, 21% deixaram o emprego em até três meses, antes do fim do período de experiência, sem receber aviso prévio. Outros 56% deixaram os empregos entre três meses e 23,9 meses depois de contratados, recebendo 30 dias de aviso prévio

O presidente da CUT, Artur Henrique, estranhou a rapidez como a discussão foi feita.

- O tema não estava entre as prioridades do Congresso . Agora, em um mês, depois que o STF resolveu legislar, dada a omissão do parlamento, eles correram atrás do prejuízo e aprovaram uma proposta aquém do que a gente esperava.