Título: Preço elevado faz comércio exterior do país bater recorde: US$43 bilhões
Autor: Valente, Gabriela; Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 04/10/2011, Economia, p. 22

Saldo é de US$3 bi em setembro, alta de 182%, e no ano atinge US$23 bi

BRASÍLIA. O comércio exterior brasileiro bateu recorde tanto de exportações quanto de importações no mês passado, apesar da crise internacional. Todo o comércio foi de US$43 bilhões: o maior da história para meses de setembro. E, na esteira dos preços internacionais elevados, o país manteve vendas de US$1 bilhão por dia. Com isso, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$3 bilhões em setembro: o melhor em quatro anos, com alta de 182% frente ao mesmo mês de 2010. No ano, o saldo está em US$23 bilhões. As exportações cresceram 24% e chegaram a US$23,3 bilhões, enquanto as importações subiram 18,9%, a US$20,2 bilhões.

- Se não tivéssemos diversificado nossos mercados, não adiantava os preços estarem mais altos. A partir do momento em que não se coloca todos os ovos na mesma cesta, há mais condições de resistir a essa crise - disse o ministro interino do Desenvolvimento, Ricardo Schaeffer.

O governo espera aumentar de 1,36% para até 1,5% sua participação no comércio mundial. A meta do programa Brasil Maior é de 1,6% daqui três anos. E mesmo com a crise que restringe mercados compradores no mundo inteiro, a meta de exportar este ano US$275 bilhões está mantida.

O otimismo vem dos números atuais recordes. Nas exportações, destaque para os produtos semimanufaturados, cujos embarques aumentaram 41%. Só o crescimento de semimanufaturados de ferro e aço foi de 135% na comparação com setembro do ano passado.

Do lado da importação, só máquinas e equipamentos para aumentar a produção tiveram queda. Segundo o governo, o número de setembro foi influenciado por uma importação atípica de máquinas para o setor siderúrgico em setembro do ano passado, o que inflou os números daquele mês em 2010.

O preço dos produtos que o país exporta explica a alta no saldo comercial. Entre os 17 principais produtos exportados pelo país, dez aumentaram sua participação no superávit comercial por causa do preço e não pela quantidade do que se vendeu, como minério de ferro, soja e café, suco de laranja, açúcar, carnes, gasolina, petróleo e óleos combustíveis.

Vendas externas atingem US$190 bi no ano

Isso fez com que as vendas no ano fossem de US$190 bilhões, alta de 30% frente a 2010 e recorde histórico. As importações foram de US$167 bilhões: 26% acima da média registrada em 2010.

Na avaliação de José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a balança comercial ainda não sentiu os efeitos da desaceleração mundial e das mudanças no câmbio. Um reflexo que, para ele, pode aparecer em 2012.

- Os preços mudaram, mas as importações e as exportações de agora já foram negociadas - afirmou Castro, que mantém a projeção de saldo comercial este ano de US$28 bilhões.

Bruno Lavieri, economista da Tendências, também não mudou a projeção de R$28 bilhões.