Título: Na muda
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 04/10/2011, Panorama Político, p. 2

A presidente Dilma não pretende se posicionar publicamente sobre a divisão dos royalties do petróleo como quer o governador Sérgio Cabral. Lideranças do governo disseram ontem que a proposta dos senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Wellington Dias (PT-PI) não pode ser comparada com a do ex-deputado Ibsen Pinheiro. Logo, não acham razoável que a presidente Dilma faça como o ex-presidente Lula e antecipe um veto à lei.

A linha dos líderes do governo

A maioria dos senadores está construindo uma proposta de divisão dos royalties do petróleo, nas áreas já licitadas, que contraria os interesses do governador Sérgio Cabral (RJ). O líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), disse ontem: "Vamos construir uma proposta que permita preservar os direitos adquiridos desses estados (RJ e ES), garantindo as receitas que eles recebiam em 2010". O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), resume: "Todos vão perder um pouco. A União já abriu mão de receitas; os estados e municípios produtores vão perder e os estados não-produtores não vão ganhar o que querem de uma só vez, vai ter de ser gradativo".

PROVOCAÇÃO. O deputado Otavio Leite (PSDB-RJ) sugeriu ontem, na reunião com o governador Sérgio Cabral, que este chamasse o ex-presidente Lula para ajudar o Rio no debate dos royalties. O deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) protestou: "Deixa o homem descansar!" Embora Cabral tenha dito que iria conversar com Lula, a ideia de envolvê-lo na batalha foi arquivada, pois poderia ferir a autoridade da presidente Dilma.