Título: China e Europa levam pessimismo aos mercados
Autor: Bôas, Bruno Villas; Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 01/10/2011, Economia, p. 29

Os investidores voltaram ontem a buscar refúgio em ativos de menor risco, preocupados com o fraco nível de atividade da economia mundial. No Brasil, o dólar comercial fechou em alta de 2,06%, a R$1,882. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operou no vermelho o dia inteiro e o Ibovespa, índice de referência do mercado, caiu 1,99%, aos 52.324 pontos.

O pessimismo em relação ao crescimento global veio da Europa e da China. Na Alemanha, as vendas do varejo em agosto caíram 2,9% em agosto, mais do que o esperado por analistas, na maior baixa em mais de quatro anos, segundo a agência Bloomberg News. Na China, o índice PMI de atividade, divulgado na quinta-feira pelo HSBC e pela consultoria Markit Economics, indicou queda na atividade industrial pelo terceiro mês seguido. Ainda na Ásia, a produção industrial do Japão subiu apenas 0,8% em agosto, ante julho, abaixo do esperado.

Além do esfriamento da economia por causa da crise da dívida, os 17 países que compõem a zona do euro viram a inflação subir 3%, superando a previsão de economistas. Para o estrategista-chefe da CM Capital Markets, Luciano Rostagno, além de reduzir as expectativas de um corte de juros pelo Banco Central Europeu (BCE), a falta de medidas concretas da reunião entre autoridades da Grécia e representantes dos credores do país reforçaram o pessimismo.

Tanto nos EUA quanto aqui, as perdas se aceleraram no fim dos pregões. O Dow Jones perdeu 2,16%, o S&P 500 recuou 2,50%, e o Nasdaq caiu 2,63%. Na Europa, Londres recuou 1,32%, Paris caiu 1,51%, Frankfurt perdeu 2,44% e Milão teve queda de 1,29%.

- Os motivos para o pessimismo estavam dados de manhã, sem razões para o aumento das perdas à tarde - avalia William Castro Alves, analista da XP Investimentos.

Com o pessimismo, investidores buscaram ativos de menor risco e o dólar subiu mundo afora. O Dollar Index, que mede o desempenho da divisa americana ante uma cesta de moedas, registrou alta de 0,98%. O real voltou a ser a moeda que mais perdeu para o dólar ontem, entre 16 divisas analisadas pela agência Bloomberg News.

Para José Carlos Amado, operador de câmbio da corretora Renascença, a tendência de alta no mercado futuro permanece. Mas o diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, vê um exagero na alta do dólar ontem, exacerbada pelo mercado futuro. (Vinicius Neder)