Título: Obama apoia plano de Merkel e Sarkozy
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 11/10/2011, Economia, p. 27

Obama apoia plano de Merkel e Sarkozy

Presidente pede ação decisiva para a crise na zona do euro

WASHINGTON, PARIS, LUXEMBURGO e BRASÍLIA. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apoiou o plano franco-alemão para uma solução da crise da dívida na zona do euro e também conversou ontem com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, para defender uma rápida solução para a Europa.

"O primeiro-ministro Cameron e o presidente (francês Nicolas) Sarkozy concordaram com o presidente (Obama) que uma ação decisiva é necessária para finalmente resolver a crise e garantir a recuperação econômica, tanto dentro da zona do euro como além dela", informou a Casa Branca ao resumir as duas conversas telefônicas.

Segundo o escritório de Sarkozy, "o presidente Obama deu seu total apoio à estratégia definida pela França e a Alemanha para encontrar uma solução global para restaurar a estabilidade financeira na zona do euro".

No domingo, Sarkozy e a chanceler alemã, Angela Merkel, se reuniram em Berlim e anunciaram a intenção de criar um pacote de medidas para a União Europeia (UE), assim como um plano de socorro à Grécia e formas de recapitalizar o sistema financeiro do bloco.

Segundo Mantega, FMI pode ter que reforçar aporte

O governo francês informou, ainda, que os dois presidentes vão manter contato nas próximas semanas, que antecedem a cúpula do G-20 no balneário francês de Cannes, marcada para o mês que vem.

Já a Itália demonstrou ontem insatisfação com a possibilidade de medidas bilaterais:

- Nós achamos que uma situação global não se resolve com eixos bilaterais - afirmou o ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, segundo a agência de notícias Ansa. - Ontem (domingo), não conseguimos entender a essência deste encontro (de Sarkozy e Merkel). Não havia uma agenda declarada e não sabemos nem se há uma agenda substancial.

A crise internacional foi debatida ontem na reunião de coordenação de governo, com a participação da presidente Dilma Rousseff, que voltou de viagem ao exterior na madrugada de domingo. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deverá reforçar seu aporte no fundo de ajuda à Europa para completar os esforços locais.

O tema será um dos principais na reunião em Paris dos ministros de Finanças do G-20, preparatória ao encontro de chefes de Estado daqui a 15 dias. Mantega explicou que o risco aos emergentes é que a desaceleração europeia implique em freio especialmente à China, maior parceiro comercial do Brasil e um motor internacional:

- Talvez seja necessário um reforço do FMI, para que tenha mais recursos para enfrentar a situação desses países. Estamos numa crise crônica e temos de evitar que se agudize.