Título: Conselho retoma hoje julgamento de Wider
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 11/10/2011, O País, p. 13

Votação está 3 a 1 pela aposentadoria

Entre os 51 itens da pauta da sessão de hoje do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), está prevista a retomada do julgamento do desembargador Roberto Wider, ex-corregedor-geral de Justiça do Rio de Janeiro. A decisão sobre o caso foi suspensa no dia 27 de setembro, com pedido de vista apresentado pelo conselheiro Carlos Alberto Reis de Paula, quando a votação registrava três a um pela aposentadoria compulsória do magistrado.

Afastado das funções desde janeiro do ano passado, Wider é acusado de favorecer o lobista Eduardo Raschkovsky, de quem é amigo, em decisões judiciais e administrativas. Uma delas foi a nomeação, sem concurso, para comandar os cartórios do Rio e de São Gonçalo, de dois advogados que trabalhavam no escritório do lobista. Reportagens publicadas pelo GLOBO, entre novembro e dezembro de 2009, revelaram que Raschkovsky ofereceu blindagem a candidatos às eleições municipais do ano anterior, enquanto Wider presidia o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), livrando-os do risco de cassação de candidatura.

O relator do caso no CNJ, Tourinho Neto, recomendou o arquivamento do processo. Segundo ele, embora a conduta de Wider tenha sido "incorreta", não há prova de que tenha recebido dinheiro ou vantagem indevida no caso. Neto também disse que a amizade entre o desembargador e Raschkovsky não teria atrapalhado sua atuação.

Mas a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, divergiu do colega. Ela afirma que o processo administrativo disciplinar contra Wider produziu "fartos documentos" comprovando a conduta indevida do desembargador. Embora o pedido de vista representasse a imediata suspensão do caso, dois outros conselheiros, Wellington Cabral Saraiva e Marcelo Nobre, fizeram questão de antecipar o voto de apoio à divergência aberta pela ministra.

A sessão do dia 27, que marcou a pior crise da história do CNJ, foi aberta pelo presidente do CNJ, ministro Cezar Peluso, com a leitura de nota crítica à corregedora, que citara a frase "bandidos que estão escondidos atrás da toga" em entrevista à Associação Paulista de Jornais.

A sessão de hoje vai apreciar a apuração de suspeitas de nepotismo e outras matérias disciplinares.