Título: Palocci é investigado pelo MPE por suspeita de lavagem de dinheiro
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 12/10/2011, O País, p. 4

Ex-ministro nega irregularidade em aluguel de apartamento por R$15 mil

SÃO PAULO. Com a abertura de investigação pelo Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo contra o ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, por suspeita de lavagem de dinheiro no aluguel do apartamento em que ele mora no bairro de Moema, na Zona Sul de São Paulo, o promotor Joel Carlos Moreira da Silveira, do Grupo Especial de Delitos Econômicos (Gedec), aguarda a chegada de vários documentos. Ele solicitou documentação da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) e de vários cartórios de registro de imóveis de São Paulo para continuar a apuração de dados.

O promotor, um dos três integrantes do Gedec, disse que não existe previsão de quando Palocci deverá ser ouvido. O ex-ministro nega irregularidades no aluguel do apartamento e diz ter como comprovar que paga mensalmente o aluguel para os reais donos do imóvel.

A investigação no Gedec foi aberta no dia 29 de setembro e é diferente da que o Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal deve abrir para apurar o aumento de patrimônio de Palocci por meio de consultoria feita quando ele era deputado federal, pela empresa Projeto. De acordo com Silveira, a investigação do MPE é específica para averiguar supostos crimes de lavagem de dinheiro, e, depois, se for o caso, poderia ser compartilhada com o MPF.

Imóvel de R$4 milhões pertence a advogado petista

O apartamento de Palocci que está sob investigação é avaliado em R$4 milhões e pertence ao advogado Gesmo Siqueira dos Santos, filiado ao PT de Mauá desde 1988, que responde a pelo menos 120 inquéritos policiais por fraudes contra o consumidor, falsificação de combustíveis e documentos. Palocci afirmou pagar R$15 mil pelo aluguel do imóvel.

A investigação do Gedec começou a partir de representação enviada ao MPE pelo deputado Pedro Tobias (PSDB-SP) com suspeitas contra o ex-ministro. A petição reproduziu texto da revista "Veja", que acusou os donos do imóvel de terem participado de operações financeiras como laranjas.

Conforme denúncia que acabou por afastar Palocci da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, ele teria aumentado seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos. Somente no ano passado, antes de assumir a Casa Civil, teria obtido um faturamento de R$20 milhões com a Projeto, sua empresa de consultoria. Com o sucesso nos negócios privados, Palocci comprou em dezembro de 2009 um outro apartamento, na Alameda Itu, de 502 metros quadrados, pelo qual pagou R$6,6 milhões.