Título: Somos o 1% que não está festejando
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Fonte: O Globo, 24/10/2011, O Mundo, p. 28
Moradores da África subsaariana lamentam a morte do ditador
NAIRÓBI. Enquanto rebeldes na Líbia celebram a morte de Muamar Kadafi, muitos africanos subsaarianos estão de luto em países onde o coronel será lembrado pela generosidade e pela disposição para enfrentar o Ocidente. Para eles, foi mais um triste capítulo numa longa narrativa de intromissão das potências ocidentais em assuntos africanos.
¿ Somos o 1% que não está festejando ¿ diz Salim Abdul, que trabalha na administração de uma mesquita em Kampala, capital de Uganda, que tem o nome do ditador e foi construída com o dinheiro dele. ¿ Ele amava Uganda.
Cerca de 30 mil pessoas prestaram tributo à Kadafi na mesquita, na última sexta-feira. Há alguns anos, frustrado com seu sonho panarabista, Kadafi passou a dedicar-se à África Subsaariana, investindo ali o próprio dinheiro para construir mesquitas, hotéis e companhias de telecomunicação.
Na Nigéria, um senador local declarou à imprensa que Kadafi ¿era um dos melhores líderes africanos que tivemos¿. Mujahid Dokubo-Asari, ex-líder miliciano do país, disse ter recebido financiamento do ditador em uma ocasião e avisou que a morte dele seria ¿vingada¿.
No Zimbábue, um porta-voz da Presidência afirmou que o ditador será sempre lembrado:
¿ O governo não pode aceitar o derramamento de sangue como modelo de mudança do sistema político no continente ¿ afirmou Charamba. ¿ Ainda mais quando este derramamento é instigado por países estrangeiros.