Título: Procuradoria vai investigar ministro do Esporte
Autor: Souza, André de
Fonte: O Globo, 19/10/2011, O País, p. 15

O próprio Orlando Silva, além do PSDB e do PPS, fez o pedido; se confirmadas, denúncias constituem crime, diz Gurgel

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que vai investigar o ministro do Esporte, Orlando Silva, acusado de desvio de recursos da pasta. Gurgel lembrou que o próprio ministro solicitou a investigação e disse que, em tese, as acusações constituem crime. Argumentou, no entanto, que ainda é preciso verificar se a denúncia feita pelo policial militar João Dias Ferreira se sustenta. O PM acusa Orlando Silva de desviar dinheiro do programa Segundo Tempo, dirigido pelo Esporte, usando ONGs como fachada.

Perguntado se abriria investigação sobre o ministro, Gurgel não deixou dúvida:

- Sim, porque há um pedido do próprio ministro nesse sentido, e há representações também - declarou Gurgel, referindo-se às representações protocoladas na terça-feira pelo PSDB e pelo PPS.

O procurador-geral lembrou que o ministro nega as irregularidades. Mas disse que, se as denúncias forem confirmadas, constituiriam, "sem dúvida nenhuma", atos criminosos.

- Na verdade o que se alega, a notícia com base naquela pessoa (João Dias Ferreira) que prestou as informações, é que nós teríamos, sem dúvida nenhuma, a prática de crime. Agora, o que é preciso verificar é se isso é verdade ou não, se procede ou não. O ministro nega peremptoriamente isso, mas os fatos, em tese, constituem, sim, crime.

"É fundamental que fatos sejam todos apurados"

Gurgel quis se manter distante do jogo político em torno do episódio. Ontem, líderes dos três maiores partidos de oposição -- PSDB, DEM e PPS - pediram o afastamento imediato de Orlando Silva.

- O que é fundamental no âmbito das preocupações do Ministério Público é que esses fatos sejam todos devidamente apurados. O restante é uma questão política que não cabe ao Ministério Público, enfim, emitir qualquer juízo a respeito - declarou, na manhã de ontem, o procurador-geral, após sair de sessão do Conselho Nacional do Ministério Público, o qual ele preside.