Título: Os outros candidatos
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 23/10/2011, O Mundo, p. 45

RICARDO ALFONSÍN

Filho do ex-presidente Rául Alfonsín, morto em 2009, é muito parecido com o pai fisicamente e na maneira de falar. Candidato à Presidência pela União para o Desenvolvimento Social (Udeso, sublegenda da União Cívica Radical) transformou-se no sucessor de Alfonsín e principal líder da UCR - partido ao qual pertence, entre outros, o vice-presidente Julio Cobos. Depois de obter uma vaga na Câmara, nas eleições legislativas de 2009, Alfonsín, de 59 anos, foi designado como candidato à Presidência da Udeso, aliança entre a UCR e o setor do peronismo dissidente liderado pelo também deputado, empresário e candidato a governador da província de Buenos Aires, Francisco De Narváez. O acordo foi muito criticado até mesmo por militantes da UCR, que não admitem qualquer tipo de parceria com o peronismo, e terminou prejudicando o candidato.

HERMES BINNER

Aos 68 anos, o governador da província de Santa Fe - o primeiro governador socialista da Argentina - é candidato à Presidência pela recém-criada Frente Ampla Progressista (FAP) e a grande surpresa desta eleição. Segundo as pesquisas, este médico, ex-prefeito de Rosário, ficará em segundo lugar hoje - com até 20% dos votos -, à frente de nomes antes muito mais conhecidos. Binner costuma dizer que representa "uma oposição responsável", que não vetará todos os projetos do governo, mas também não cederá às pressões da Casa Rosada. Ele questiona a manipulação das estatísticas, a falta de medidas para combater a informalidade no mercado de trabalho e, sobretudo, a decisão do governo de não enviar recursos às províncias não aliadas. Há quem aposte que terminará selando pacto com o kirchnerismo - o que ele nega. Tem apoio de intelectuais como a escritora Beatriz Sarlo.

EDUARDO DUHALDE

Presidente entre 2002 e 2003, hoje com 69 anos, chegou à Casa Rosada durante a crise. Assumiu o poder e se viu obrigado a adotar medidas como o calote da dívida pública. Sua trajetória como dirigente do Partido Justicialista (PJ) é longa, e sua oportunidade de governar a Argentina chegou depois do fracasso de Fernando De la Rúa, com o respaldo do PJ e do Congresso, mas não através das urnas. Duhalde pretendia completar o mandato do ex-presidente da Aliança (acordo entre a União Cívica Radical e a Frepaso), que terminava em 2003, mas terminou antecipando as eleições presidenciais após a morte de dois militantes de organizações sociais durante uma manifestação. Para impedir o retorno de Carlos Menem, apostou na candidatura de Néstor Kirchner - decisão que, segundo seus colaboradores, lamenta profundamente. Logo rompeu com Kirchner e passou a comandar o peronismo dissidente.

ALBERTO RODRÍGUEZ SAÁ

El Alberto, como gosta de ser chamado o governador da província de San Luis, de 61 anos, é conhecido por suas excentricidades. Junto com seu irmão, o ex-presidente Adolfo Rodríguez Saá, este típico cacique peronista comanda San Luis, que tem 168 mil habitantes, desde 1983. Ambos se alternaram no poder e, nos últimos dez anos, tentam chegar à Presidência. As principais promessas nesta campanha foram a de construir casas populares para todos os argentinos que vivem em condições precárias e instalar wi-fi em todo país. Em San Luis, a família Rodríguez Saá implementou estas medidas e muitas outras que, segundo moradores da região, transformaram a província numa das mais prósperas da Argentina. Em contrapartida, o candidato e seu irmão são acusados de controlar toda a imprensa, ampliar suas fortunas e favorecer empresários aliados. (J.F.)