Título: PCdoB agiu em associação do TCU
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Fonte: O Globo, 20/10/2011, O País, p. 10

Comunista foi afastado quando surgiram suspeitas

BRASÍLIA. O convênio de R$2,5 milhões da Associação dos Servidores do Tribunal de Contas da União (ASTCU) com o Ministério do Esporte foi assinado pelo ex-presidente da entidade Waucilon Carvalho de Sousa, candidato a deputado distrital pelo PCdoB nas eleições de 2006. O contrato faz parte do programa Segundo Tempo, destinado ao desenvolvimento do esporte entre crianças e adolescentes de baixa renda, e os recursos foram mal aplicados, segundo auditoria da Controladoria Geral da União (CGU), que cobra a devolução do valor aos cofres públicos.

O atual presidente da associação, Anselmo Loschi Bessa, disse que, na entidade, não há registro da entrada do dinheiro nem da sua aplicação. Segundo Bessa, a diretoria da associação só ficou sabendo do convênio quando foi aberta tomada de contas especial pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - processo que visa à apuração de responsabilidade por ocorrência de dano à administração pública federal e à obtenção do respectivo ressarcimento.

Ao tomar conhecimento do fato, a diretoria da ASTCU apurou que o convênio foi assinado por Waucilon, mas não encontrou qualquer comprovação da conta especial aberta para o recebimento do valor repassado pelo Ministério do Esporte.

- Esse convênio é anterior à atual gestão. Não temos registro da entrada desse dinheiro nem da sua aplicação na associação. Ficamos sabendo que não havia prestação de contas desse convênio, mas a associação não é citada na tomada de contas especial. O ex-presidente é que foi citado. Ele assinou o convênio sozinho, o que é irregular - afirmou Bessa.

Segundo ele, Waucilon foi excluído dos quadros da ASTCU após a abertura da tomada de contas especial, em 2009. Ele disse ainda que não faz parte dos objetivos da associação desenvolver projetos sociais em comunidades carentes.

- Verificamos a conta da associação na Caixa, os gastos, e posso dizer que nenhuma bola foi comprada pela associação com o dinheiro desse convênio - garantiu Bessa ontem.

Waucilon está lotado no Instituto Serzedello Corrêa (ISC), unidade do TCU responsável pela seleção e treinamento de servidores. O GLOBO não localizou ontem o servidor para falar sobre as irregularidades no convênio. A assessoria de imprensa do TCU disse que qualquer processo administrativo contra Waucilon só poderá ser aberto após o julgamento final do caso no tribunal.

Em nota encaminhada ao GLOBO, a assessoria do tribunal esclareceu que o processo investigado não tem qualquer relação com o TCU. A assessoria disse que o convênio foi firmado entre o Ministério do Esporte e a associação dos servidores, "sociedade civil de natureza privada que não integra a estrutura do tribunal nem se subordina a esta Casa ou a qualquer de seus membros".

O TCU confirma que abriu tomada de contas especial, "que está sendo examinada com base nos mesmos critérios utilizados para qualquer processo" e "brevemente será submetida a julgamento".