Título: Mulher de João Dias foi denunciada à Justiça
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Fonte: O Globo, 20/10/2011, O País, p. 10

Mas a analista mantém cargo comissionado no Departamento de Auditoria do SUS

BRASÍLIA. Denunciada à Justiça por suposto desvio de verbas do Ministério do Esporte junto com o marido, o PM João Dias, a analista de sistemas Ana Paula Oliveira de Faria ocupa cargo comissionado no Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde, que investiga esquemas de corrupção no Ministério da Saúde. Com salário de R$4.042, ela coordena o suporte ao Sistema Nacional de Auditorias, que armazena dados, inclusive sigilosos, das investigações. A União Nacional dos Auditores do SUS (Unasus) pedirá afastamento da servidora, mas enfrenta resistência da pasta.

Quando a Operação Shaolin foi deflagrada no ano passado, revelando o suposto esquema de desvios, a entidade pediu ao ministério que, se as suspeitas fossem confirmadas, a funcionária fosse afastada. Mas a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, comandada pelo PT, argumentou não ser possível supor que Ana Paula era culpada.

Já o Unasus considera que a situação de Ana Paula é inadequada, pois como foi investigada por corrupção em 2010 e, agora, denunciada à Justiça, não poderia ter acesso aos relatórios de auditoria. Nos bastidores, auditores dizem que houve influência do atual governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), na decisão de mantê-la. O governo nega. "A relação de Agnelo com essas pessoas se restringe ao fato de que ele e João Dias apenas foram integrantes do mesmo partido, o PCdoB", informou, em nota.

A ação ajuizada pelo MP Federal sustenta que Ana Paula e Dias se apropriaram de verbas do programa Segundo Tempo, destinadas a convênios do Esporte com duas entidades do policial. A acusação diz que ela era sócia do marido numa academia comprada com recursos desviados e que participou da "ocultação" do dinheiro.

Procurada pelo GLOBO, Ana Paula explicou que entrou como estagiária e foi nomeada para cargo comissionado em 2002. Disse não ter padrinho político e afirmou que nunca teve participação nas entidades que receberam verba do Esporte.

- Trabalho lá há quase 11 anos. É uma questão de profissionalismo, responsabilidade. Nunca fiz nada que provasse o contrário disso - afirma.

A Saúde informou que avaliará a pertinência de um novo pedido de afastamento.