Título: Defensoria vai à Justiça e cobra ação de ministério
Autor: Lima, Ludmilla de
Fonte: O Globo, 21/10/2011, Rio, p. 17

Cirurgias eletivas estão suspensas até o fim do ano; hospital tem 8 anestesistas, embora precise de pelo menos 47

O defensor público federal André Ordacgy, do 1º Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva, participou da vistoria no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, e afirmou que vai entrar com uma ação civil pública cobrando, na Justiça Federal, uma solução do Ministério da Saúde:

- Vou questionar por que a situação do hospital chegou ao estado de calamidade pela falta de recursos humanos. Isso contraria a Constituição, artigo 196, que garante o direito à saúde pública de qualidade.

Um drama enfrentado hoje no Cardoso Fontes é a redução do número de anestesistas: são apenas oito em atividade, sendo que o hospital necessita de, pelo menos, 47. Por causa da quantidade insuficiente para cobrir a demanda, as cirurgias eletivas foram suspensas até o fim do ano.

- Se o governo federal asfixia o Cardoso Fontes, ele está agindo na contramão do objetivo do hospital, que é atender a alta complexidade - criticou o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, que esteve ontem na unidade.

Ministério diz que já convocou anestesistas

A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde no Rio informou que, na última segunda-feira, foi publicada no Diário Oficial da União a convocação, para o Cardoso Fontes, de 17 anestesistas aprovados no concurso público promovido no ano passado. De 2009 para cá, foram alocados para o hospital 89 médicos concursados. O problema de recursos humanos, segundo a assessoria, foi provocado por demissões e aposentadorias nos últimos anos.

O ministério alega que depende do aval do Ministério do Planejamento para convocar mais concursados para os hospitais federais do Rio. Já a assessoria do Planejamento afirmou apenas que está em negociação uma proposta da Saúde para a abertura de vagas. O hospital era municipal até 2005, quando foi federalizado.

O presidente da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, Carlos Eduardo (PSB) ressalta que a falta de médicos vem sobrecarregando ainda mais o Lourenço Jorge, que, como mostrou o GLOBO no último dia 11, sofre com superlotação.

- Chamamos a Defensoria Pública, vamos solicitar apoio da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e também uma audiência com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para que nos explique qual é política do ministério para o Rio - adiantou o vereador, informando que um médico temporário ganha cerca de R$1.800 e um concursado, de R$2.200 a R$2.500.