Título: ANS: 41,9% dos clientes usam os piores planos
Autor: Sampaio, Nadja
Fonte: O Globo, 27/10/2011, Economia, p. 32

Apenas 4,4 milhões utilizam as melhores operadoras, enquanto 24,3 milhões de beneficiários estão nos de menores notas

Quase a metade dos usuários de planos de saúde e odontológicos (41,9%) - 24,39 milhões em um universo de 58,15 milhões - estão em empresas que receberam notas de zero a 0.6 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Estes são os resultados do Programa de Qualificação da Saúde Suplementar da ANS, fechado em 2010. O programa avalia as empresas em três quesitos - atenção à saúde, estrutura e operação e satisfação dos beneficiários - conferindo notas de 0 a 1.

No próximo ano, o programa vai ser mudado no quesito satisfação dos beneficiários, pois, além de computar as reclamações feitas no seu site, a ANS vai ouvir os usuários sobre sua percepção de qualidade dos serviços. Os consumidores podem dar suas sugestões sobre esta mudança na consulta pública, aberta no site até sexta-feira.

Apesar destas médias, João Matos, coordenador do Programa de Qualificação da ANS, ressalta que de 2007 para 2010 houve uma melhoria nos serviços prestados pelas operadoras:

- O Programa de Qualificação de Operadoras vem atingindo o objetivo de induzir o mercado no sentido de cumprir as diretrizes estratégicas da ANS, cumprindo os indicadores. Na parte de operadoras médico-hospitalares, houve um aumento do percentual de empresas situadas nas duas faixas de notas mais altas, passando de 11% em 2007 para 32% em 2010. E houve queda do percentual de operadoras com notas mais baixas, de 32% em 2007 para 23% em 2010.

Na primeira faixa, a pior nota, estão 249 operadoras, que reúnem 4,7 milhões de usuários. Quase o mesmo número de consumidores (4,4 milhões), de 46 operadoras, que utilizam os planos com maiores notas. A maioria dos usuários (21,2 milhões) possui planos com notas de 0,60 a 0,79.

João Matos afirma que houve uma importante evolução na qualidade das operadoras exclusivamente odontológicas nos últimos três anos.

- Houve um crescimento do percentual das operadoras situadas nas duas faixas com maiores notas, passando de 13% em 2007 para 29% em 2010. Ao mesmo tempo que registramos queda do percentual de operadoras situado na faixa de notas mais baixas, passando de 40% em 2007 para 32% em 2010.

O coordenador, no entanto, admite que houve relativa estabilidade em 2010 comparado com 2009:

- Esta estabilidade é relativa se levarmos em conta que houve um crescimento da massa de beneficiários entre 2009 e 2010, passando de 53,12 milhões para 58,15 milhões.

Os planos são classificados pelo Índice de Desempenho da Saúde Suplementar (IDSS) em cinco faixas de pontuação: de 0,00 a 0,19; de 0,20 a 0,39; de 0,40 a 0,59; de 0,60 a 0,79; e de 0,80 a 1,00. Segundo João Matos, é como se as operadoras recebessem estrelas. De uma estrela (de 0,00 a 0,19) até cinco estrelas (0.80 a 1,00). O consumidor pode descobrir a nota de seu plano no site da ANS (www.ans.gov.br), entra no link "Planos de Saúde e Operadoras" e, depois em "Informações e Avaliações de Operadoras".

A ANS analisou, no total, 1.103 planos. Desse total, 743 tiveram pontuação inferior a 0,60, numa escala que vai até 1. Dentro desse universo, 437 planos tiveram nota entre as duas faixas mais baixas de pontuação; 306 planos registraram a pontuação média.