Título: Judiciário da Ucrânia é independente
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 25/10/2011, O Mundo, p. 33

Presidente diz que condenação de inimiga política não é retaliação e que negociação com a União Europeia continua

SÃO PAULO. O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, dá um longo e profundo suspiro quando perguntado sobre a condenação da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko - uma das protagonistas da Revolução Laranja junto com o ex-presidente e ex-primeiro-ministro Viktor Yushchenko - e seu impacto sobre a estratégia ucraniana de aproximação com a União Europeia. Desde que a inimiga política do presidente foi condenada a sete anos de prisão, no início do mês (durante os quais não poderá se candidatar), Yanukovych vem dando entrevista atrás de entrevista para dizer que não tem nada a ver com a decisão da corte ucraniana. Mas muitos políticos europeus condenaram o governo ucraniano, acusando-o de usar a Justiça para se livrar de opositores. Um encontro que o presidente teria na quinta-feira passada com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, foi cancelado por conta da condenação, considerada um empecilho para a aproximação entre Ucrânia e o bloco europeu. Em visita oficial ao Brasil, Yanukovych disse ao GLOBO que o episódio não foi uma manobra para calar a oposição e que o acordo com a UE não corre risco. Afirma que o Judiciário ucraniano age de forma independente e diz que a ex-primeira-ministra é investigada em outro processo por desvio de dinheiro. "Se ela é inocente, tem que provar isso na Justiça".