Título: Mercado agora prevê inflação dentro da meta
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 25/10/2011, Economia, p. 25

Projeção para IPCA deste ano na pesquisa Focus, do BC, recua de 6,52% para 6,5%, refletindo alta de juros do 1º semestre

BRASÍLIA. Em um cenário no qual as previsões de crescimento minguam a cada semana, os analistas do mercado financeiro agora apostam que a inflação ficará dentro do limite da meta deste ano, de 6,50%. Desde 23 de setembro, o mercado previa inflação acima do teto estipulado pelo governo. A aposta anterior para o IPCA, usado oficialmente no sistema de metas, era de 6,52%, estourando o teto. Um dos fatores que motivaram a revisão, segundo analistas e o BC, é a perspectiva de que no quarto trimestre a atividade econômica crescerá menos do que entre julho e setembro, ainda sob o impacto das altas de juros feitas até julho.

A escalada da projeção de inflação dos economistas que participam da pesquisa semanal Focus, conduzida pelo BC, começou na segunda quinzena de agosto e se acentuou depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar, em 31 de agosto, a Taxa Selic) em 0,5 ponto percentual.

Esse corte fez o mercado acreditar que o BC havia abandonado o combate à inflação para salvar o crescimento.

- Nós erramos, e agora vemos um retorno à confiança no trabalho do BC - diz o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio de Almeida.

O BC voltou a cortar os juros na semana passada em 0,5 ponto, reafirmando sua confiança de que a decisão é compatível com o retorno do IPCA ao centro da meta até o fim de 2012.

Para Almeida, o fato de as previsões terem voltado ao limite do ano (a meta é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais) quebra uma barreira psicológica. Ele ressalta que essas projeções são uma referência para contratos e decisões que poderiam realimentar a inflação.