Título: Ibama multa empresa que importou lixo hospitalar
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 25/10/2011, O País, p. 12

Confecção Na Intimidade, de Pernambuco, terá que pagar R$6 milhões e devolver material aos EUA

RECIFE. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou ontem em R$6 milhões a empresa Na Intimidade, acusada de importar irregularmente lixo hospitalar dos Estados Unidos. O material era reutilizado na fabricação de forros de bolsos, que abastecem indústrias dos 11 municípios do polo de confecções do agreste de Pernambuco.

As multas referem-se a produtos encontrados em três galpões da empresa em Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru e Toritama, principais cidades produtoras de roupas da região. O Ibama ainda determinou que a Na Intimidade devolva 46,7 toneladas de lixo hospitalar, acondicionados em dois contêineres retidos no Porto de Suape pela Receita Federal e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O Ibama também multou em R$2 milhões a Aliança Navegação e Logística Ltda, por transportar o lixo.

As 46,7 toneladas de lixo foram declaradas como tecidos com defeito, mas reuniam jalecos, seringas, máscaras, lençóis e fronhas aparentemente sujos de sangue, fezes, urina e cabelos. A importação, segundo o Ibama, fere resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que proíbe a entrada de resíduos perigosos, mesmo que o destino seja a reciclagem. Segundo o Ibama, a comercialização do lixo hospitalar fere a Convenção da Basiléia, tratado internacional que limita a circulação desse tipo de material.

O coordenador de Emergência Ambiental do Ibama, Gustavo Moreira, informou que cerca 25 toneladas de tecidos reaproveitados de hospitais americanos estão armazenados em galpões interditados. E que está em andamento articulação entre o Ministério das Relações Exteriores e o governo de Pernambuco para que a mercadoria seja devolvida. Ontem, o advogado da Na Intimidade, Gilberto Lima, disse que o Ibama se precipitou ao multar a indústria sem laudos do Instituto de Criminalística:

- Eram sobras de tecidos limpos. A empresa também foi enganada, porque em nenhum momento importou lixo hospitalar. Não foi o que solicitamos.