Título: Brasil melhora no ranking de igualdade entre sexos
Autor: Godoy, Fernanda
Fonte: O Globo, 02/11/2011, Economia, p. 22

País sobe 3 posições, mas ainda amarga o 82º lugar e, entre emergentes, só ganha da Índia

NOVA YORK. O Brasil subiu três posições no ranking da igualdade entre os sexos e, assim como 85% dos países, está reduzindo o chamado gender gap, o degrau entre os gêneros, tema de relatório divulgado ontem pelo Fórum Econômico Mundial. No entanto, na 82ª posição entre 135 países, o país está apenas à frente da Índia entre os Brics, o grupo que reúne as mais importantes economias emergentes (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul).

- O importante é que o Brasil está fazendo progressos, está indo na direção correta. Agora as mulheres precisam atingir as posições de liderança e é necessário aplicar a legislação que garante a igualdade no mercado de trabalho - disse Saadia Zahari, diretora sênior, chefe do programa do Fórum Econômico Mundial para a paridade entre os gêneros.

Pela primeira vez, o relatório analisou a legislação sobre igualdade no mercado de trabalho em 60 países: 88% têm leis proibindo discriminação contra as mulheres, mas apenas 45% têm um instrumento de aferição da aplicação das leis.

Em todo o mundo, apenas 20% dos postos de comando são ocupados por mulheres. O quesito "empoderamento político" é o mais fraco do índice, mas o que está mudando mais rapidamente, no mundo e no Brasil.

A posse da presidente Dilma Rousseff e uma ligeira diminuição na diferença entre salários entre homens e mulheres para tarefas iguais - onde, ainda assim, o país tem sua pior nota, ficando em 124º lugar - contribuíram para a melhora da nota do Brasil em 2011, que foi de 0,668 numa escala que vai até 1, sendo a nota máxima para igualdade absoluta. Os países nórdicos continuam no topo do ranking, com a Islândia em primeiro lugar, com 85,3% de paridade.

Leis trabalhistas não dão flexibilidade às mulheres

Os itens relacionados à saúde e à educação têm os melhores resultados. As meninas e jovens brasileiras têm índices semelhantes de matrícula no ensino fundamental e médio, e são maioria nas universidades. A expectativa de vida das mulheres (66 anos) é mais alta que a dos homens (62).

Onde o país vai mal é na igualdade no mercado de trabalho e na participação política, apesar de Dilma. O Brasil está em 111º lugar na participação de mulheres no Congresso. Para Ricardo Hausman, diretor do Centro para Desenvolvimento Internacional de Harvard, parte dos problemas na América Latina está no Congresso:

- A legislação do trabalho foi escrita por homens. Para a América Latina urbana, o fator mais importante são as regras do mercado de trabalho, que foram feitas para contratos fixos, e não permitem a flexibilidade de que as mulheres necessitam.