Título: Dúvida é saber o impacto no congelamento
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 03/11/2011, Economia, p. 25

Se houver repasse, consumidor pagará tarifas maiores

BUENOS AIRES. A grande incógnita, disse o jornalista Daniel Muchnik, colunista econômico de jornais e rádios locais, "é saber se o governo poderá suportar o impacto de um aumento tarifário após oito anos de congelamento".

- Até agora foi anunciado um ajuste mínimo, talvez para medir a reação da sociedade. Vamos ver se termina por aí - disse Muchnik.

A economista Marina Dal Poggeto, do estúdio Miguel Bein e Associados, disse que "a redução anunciada por Amado Boudou (ministro da Economia) deveria ser o começo de um ajuste mais profundo", principalmente nos setores de energia e transportes, que representam 50% dos subsídios estatais. Uma passagem de ônibus em Buenos Aires, por exemplo, custa hoje 1,20 peso. Sem os subsídios às empresas do setor, explicou a economista, o valor subiria para 7 pesos.

O ministro da Economia e vice-presidente eleito Amado Boudou cancelou no último minuto sua participação na cúpula do G-20 em Cannes para anunciar as novas medidas e, também, controlar a evolução do mercado cambial na primeira semana de vigência dos controles. Ontem, o dólar voltou a fechar em 4,27 pesos e as principais casas de câmbio e bancos do centro portenho continuaram registrando poucas operações. Segundo informaram os jornais "La Nación" e "Clarín", a AFIP (a Receita Federal local) começou a receber muitas queixas pela rejeição de compras que, segundo as pessoas envolvidas, estavam plenamente justificadas.

- Tudo ainda está muito confuso. Ontem a AFIP não autorizava operações que hoje sim autoriza e tudo isso só aumenta o clima de nervosismo - contou uma fonte de um banco estrangeiro, que pediu para não ser identificada. (J.F.)