Título: China, Índia e África do Sul atrás do Brasil
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/11/2011, Economia, p. 21

Rússia lidera o ranking entre os Brics, mas manteve-se na mesma posição do ano passado

BRASÍLIA. Graças a bons indicadores de educação e renda, a Rússia ainda é o integrante dos Brics - grupo das cinco grandes nações emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) - com melhor classificação no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas. O país se manteve na 66ª posição em 2011, com um IDH de 0,755. Está situado, assim como o Brasil (IDH de 0,718), entre as economias com desenvolvimento humano elevado.

Embora seja a atual locomotiva que sustenta a economia global, a China também não mudou de lugar no ranking de 2011. O país ficou com um IDH de 0,687, situado na 101ª posição e classificado como um país de desenvolvimento humano médio. A África do Sul, mais novo integrante do grupo, também está na lista das nações com desenvolvimento humano médio, mas situando-se na 123ª posição, com um índice de 0,619. Apenas África do Sul e Brasil, entre os Brics, ganharam posições no ranking da ONU em 2011.

A Índia ainda é o país dos Brics com pior desempenho no IDH, com um índice de 0,547. O país tem baixos indicadores de educação - são 4,4 anos médios de escolaridade - e renda - US$3.468 per capita - e se manteve na 134ª posição no ranking.

Quando o assunto é a chamada pobreza multidimensional - detectada quando uma população sofre privação em pelo menos três de um grupo de dez indicadores, entre eles, saúde, educação e acesso a saneamento e água - as diferenças entre os cinco países ficam ainda maiores. Nesse quesito, Rússia e Brasil apresentam dados bem superiores às demais economias emergentes. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011, 1,3% da população russa e 2,7% da brasileira vivem em situação de pobreza. Já na China, o percentual sobe para 12,5%, na África do Sul, para 13,4% e na Índia, para 53,7%.

Para o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, os dados do IDH não surpreendem. Ele destacou que embora a China e a Índia sejam economias que têm crescido acima do Brasil nos últimos anos, esses países têm níveis de pobreza muito elevados que os deixam para trás na hora de medir o desenvolvimento humano:

- Os índices de pobreza são muito altos na China e na Índia. Por isso, é preciso muitos anos de crescimento sustentado para que esses países tenham desenvolvimento humano elevado. A importância do IDH é justamente não olhar apenas para o brilho do PIB, mas para outras dimensões da economia.

PROBLEMAS AMBIENTAIS PODEM REDUZIR O IDH DO MUNDO EM 15% na página 24