Título: BB tem lucro recorde, mas mercado reage mal
Autor: D"Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 04/11/2011, Economia, p. 28

Margens menores e custo maior fizeram as ações do banco caírem 2,17% em dia de alta da Bovespa

SÃO PAULO. Último dos grandes bancos a divulgar o balanço do terceiro trimestre, o Banco do Brasil manteve-se no topo do ranking como a maior instituição financeira do país em ativos, mas não conseguiu superar o Itaú Unibanco em lucratividade. Entre julho e setembro, o BB registrou lucro líquido de R$2,89 bilhões, um salto de 11,2% sobre o mesmo período de 2010. O lucro acumulado nos nove primeiros meses do ano cresceu mais, 18,9%, e atingiu R$9,2 bilhões. Embora tenham sido resultados recordes na história do banco, em ambos os casos os ganhos do BB ficaram abaixo dos R$3,8 bilhões e R$10,9 bilhões, respectivamente, auferidos pelo Itaú Unibanco. E um pouco maior apenas que os R$2,81 bilhões (no trimestre) e R$8,3 bilhões (em nove meses) do Bradesco.

Num dia de ganhos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), os papéis ordinários (ON, com voto) do Banco do Brasil fecharam em queda de 2,17%, a R$25,24. O balanço não agradou investidores, que criticaram margens menores e custos maiores na instituição.

De acordo com levantamento da Economatica, o Itaú Unibanco ostenta os dois melhores resultados já obtidos por bancos brasileiros em nove meses: R$10,9 bilhões este ano e R$9,4 bilhões no mesmo período de 2010. O BB, com seus R$9,2 bilhões, agora tem o terceiro melhor desempenho do setor para o período.

Crédito subiu 21% nos últimos 12 meses

- O resultado do BB veio dentro do esperado e não é ruim, porque é recorde para o banco. Mas, pela sua estrutura, é mais difícil para o BB ser tão eficiente quanto os concorrentes privados. Mas o BB vem sendo profissionalizado há anos e a gestão evoluiu muito - observa Erivelto Rodrigues, da Austin Rating, sobre o fato de o BB lucrar menos que o Itaú Unibanco.

Como aconteceu com seus concorrentes privados, os ganhos do BB têm sido impulsionados pelo incremento das operações de crédito, que avançaram 21% em 12 meses, alcançando saldo de R$441,6 bilhões no fim de setembro. Resultado melhor que a concorrência foi o comportamento da inadimplência no trimestre passado: o índice para atrasos superiores a 90 dias nos financiamento recuou de 2,7% há um ano para 2,1% do total da carteira. Muito abaixo da média do calote do sistema bancário, atualmente em torno de 4%.

Mas, mesmo com o recuo da incidência de calote sobre a sua carteira de empréstimos, o BB elevou as provisões contra devedores duvidosos em 24% entre julho e setembro.

- Não esperamos uma piora na inadimplência, mas temos uma abordagem conservadora e a ideai é ter um colchão contra volatilidades futuras - disse o vice-presidente de Gestão Financeira do BB, Ivan Monteiro.

No quesito usado pelos especialistas nos rankings de maiores bancos, ativos totais, o BB continua imbatível: fechou setembro com R$949,7 bilhões em ativos, 19% mais que um ano antes, e com mais de R$100 bilhões de vantagem sobre o Itaú Unibanco, que tinha R$836,9 bilhões. O Bradesco, terceiro maior banco brasileiro, vem mais atrás, com R$722,9 bilhões em ativos.

A rentabilidade (retorno sobre o patrimônio líquido) do BB no trimestre passado ficou em linha com a dos concorrentes: 21,8%, contra 21,4% do Itaú Unibanco e 20,6% do Bradesco.

Banco Votorantim tem prejuízo R$83 milhões

Na contramão do índice do BB, a taxa de inadimplência do banco Votorantim, cujo controle é compartilhado entre o banco estatal e o grupo empresarial da família Ermírio de Moraes, subiu de 3,1% em setembro de 2010 para 4,4%. Combinada com a desaceleração nos financiamento de carros desde o início do ano, o Votorantim fechou o trimestre passado com prejuízo de R$83 milhões.

COLABOROU Bruno Villas Bôas