Título: Investimento cai e superávit no ano atinge R$ 75 bi
Autor: Gabriela Valente
Fonte: O Globo, 28/10/2011, Economia, p. 30

Esforço fiscal do governo é 35% maior do que em 2010

BRASÍLIA. A forte desaceleração dos investimentos - que já registram queda de 2,7% no acumulado do ano - ajudou o governo central (Tesouro Nacional, INSS e Banco Central) a obter um supertávit primário de R$5,4 bilhões em setembro. Embora seja muito menor do que os R$26 bilhões economizados no mesmo período do ano passado graças à capitalização da Petrobras, o resultado equivale a mais do que o dobro dos R$2,5 bilhões de agosto. No mês, as receitas somaram R$68,8 bilhões, e as despesas, R$63,5 bilhões.

No acumulado do ano, o superávit primário do governo central está em R$75,2 bilhões (35% acima do registrado em 2010). Nesse período, as receitas chegam a R$600,9 bilhões - com alta de 4,1% sobre o ano passado - e as despesas, a R$525,7 bilhões (+0,8%). A meta fixada do ano é de R$91,8 bilhões.

Despesas de pessoal sobem 9,8% e as de custeio, 10%

Segundo relatório divulgado ontem pelo Tesouro, as despesas com pessoal subiram 9,8% no ano, e as de custeio, 10%. Já os gastos com investimentos, freados ao longo de 2011 para fazer ajuste fiscal (e ainda ficaram prejudicados por crises políticas, como a que atingiu o Ministério dos Transportes), caíram 2,7% até setembro. A redução foi a maior acumulada no ano.

- O ritmo está abaixo do que gostaríamos. Não é um nível de investimentos que nos deixe satisfeitos - admitiu o secretário do Tesouro, Arno Augustin.

Segundo ele, no entanto, o quadro ainda tem chances de mudar até o fim do ano:

- O investimento deve reagir nos próximos meses.

Do lado das receitas, embora não tenha tido ganhos extraordinários como os R$32 bilhões da capitalização da Petrobras em 2010, o Tesouro já embolsou R$17,3 bilhões em dividendos de estatais. Só em setembro, esse valor chegou a R$4,5 bilhões, pagos pela Caixa e pelo BNDES.

Para 2012, quando o governo terá que administrar despesas elevadas como o aumento do salário mínimo, Augustin disse que não vê risco fiscal:

- Reiteramos nossa tranquilidade sobre o primário de 2012.

Ele, no entanto, fez questão de ressaltar que há no Congresso propostas que podem pôr o equilíbrio fiscal em risco. Entre elas, o reajuste salarial do Judiciário.