Título: Fifa e COL ficam na defesa ao falarem de ministro
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/10/2011, O País, p. 9

Chegada de Aldo Rebelo é encarada como um passo para retomada do entendimento

Num momento em que a relação do Comitê Organizador Local (COL) e da Fifa com o governo federal atravessa sua fase mais conturbada em virtude do conflito de interesses sobre a redação de artigos da Lei Geral da Copa e do cumprimento de algumas das garantias do Host Agreement (Acordo para Sediar), assinado pelo ex-presidente Lula, em 2007, a nomeação de um novo ministro do Esporte é considerada o primeiro passo importante rumo à retomada do entendimento. Mas tanto o presidente do COL, Ricardo Teixeira, quanto o secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke, foram extremamente políticos ao comentar o anúncio do nome de Aldo Rebelo para a pasta.

Para restabelecer um contato cordial com Rebelo, que em 1999 presidiu a CPI da Nike, na qual o contrato entre a CBF e a empresa americana que fornece material esportivo para a Seleção Brasileira foi investigado, o COL adotou um tom formal. Em nota divulgada no meio da tarde de ontem e assinada por Ricardo Teixeira, o dirigente saúda Aldo e lhe deseja boa sorte no cargo: "Que o ministro conte sempre com a nossa colaboração e saiba que as portas do Comitê estarão sempre abertas", disse.

Já Jérôme Valcke, que nos últimos meses não queria mais negociar com Orlando Silva por achar que o ex-ministro estava "politizando" demais as questões referentes ao Mundial, preferiu não se referir a Aldo antes de ter o primeiro encontro com o novo ministro. Sobre a queda de Orlando, foi reticente: "Lamentamos esta situação... Para nós, é sempre essencial ter um canal direto com o governo do país-sede da Copa do Mundo da Fifa".

Há uma semana, em meio às denúncias de corrupção que minavam a permanência do antigo titular do ministério, Valcke chegou a "antecipar" a saída de Orlando, ao declarar, em Zurique, que o governo havia tomado a posição correta de demiti-lo. "Espero que anuncie logo um novo interlocutor".

Também por meio de nota oficial, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e o Comitê Organizador Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, ambos presididos por Carlos Arthur Nuzman, ressaltaram a importância de dar continuidade à parceira com o ministério visando desenvolver o esporte olímpico. "Assim que possível, o COB proporá agenda de reuniões com o novo ministro, para tratar dos projetos de interesse do esporte olímpico brasileiro, no cenário de grandes desafios que temos pela frente."