Título: Papademos assume governo grego hoje
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Fonte: O Globo, 11/11/2011, Economia, p. 27

Ao ser indicado como premier, economista promete manter país no euro

ATENAS. O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) Lucas Papademos vai liderar o novo governo da Grécia, encerrando o suspense sobre quem vai tentar salvar o país da falência e de uma saída da zona do euro. Depois de quatro dias de impasse, os socialistas do Pasok, até então no governo, e o maior partido da oposição, o Nova Democracia, concordaram em nomear o economista como primeiro-ministro.

- O caminho não será fácil. Todos devemos contribuir para o difícil processo de ajustar a economia - disse Papademos ao sair do palácio presidencial.

Papademos, de 64 anos, prestará juramento hoje, assim como os demais ministros do gabinete, cujos nomes não foram anunciados até a noite de ontem. Há indícios de que o ministro de Finanças, Evangelos Venizelos, permanecerá no cargo, assim como os de Educação, Transportes, Saúde, Agricultura e Meio Ambiente.

O futuro premier destacou que o novo governo será "transitório" e que seu principal objetivo é a "implementação das decisões da cúpula de outubro da União Europeia e das políticas vinculadas a ela". A prioridade, disse, é continuar na zona do euro:

- Estou convencido de que para a Grécia continuar participando da zona do euro é garantia de estabilidade.

Para aceitar o cargo, Papademos exigiu que os dois maiores partidos se comprometessem por escrito com os termos do resgate financeiro internacional de 130 bilhões.

- As decisões que tomaremos serão decisivas para o povo grego. O caminho não será fácil, mas estou convencido de que resolveremos os problemas com maior rapidez e um menor custo se houver união, entendimento e prudência - afirmou. - Todos devemos ser otimistas sobre o resultado final, sempre e quando estamos unidos.

Novo governo terá ampla maioria no Parlamento

No atual Parlamento, o novo governo conta com apoio suficiente para superar a moção de censura a que terá que se submeter nos próximos dias. O Pasok e o Nova Democracia têm 238 dos 300 deputados. Além disso, a formação de ultradireita Laos já anunciou que apoiará a coalizão. Os líderes das três formações não se pronunciaram após o anúncio do nome de Papademos.

A União Europeia respirou aliviada com a formação do novo governo, mas mandou um alertam.

- A UE não deixará de fazer o possível para ajudar a Grécia - disseram os presidentes do Conselho da UE , Herman Van Rompuy, e da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. - A Grécia deve fazer todo o possível também.

Rompuy e Durão Barroso pediram ao novo governo "uma mensagem forte" para tranquilizar os sócios europeus. A primeira medida que Papademos tem em mente é reduzir o número de ministérios, que atualmente são 13.

O economista, de 64 anos, passou pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e foi vice-presidente do BCE. Seu currículo indica que sua experiência técnica será capaz de suprir a falta de vivência política.

- Não sou um político, mas tenho experiência com política econômica na Grécia e na Europa - afirmou, acrescentando que sua indicação foi "uma grande honra e é uma responsabilidade ainda maior".

Economista é respeitado nas capitais europeias

Figura respeitada nas capitais europeias e nos mercados financeiros, Papademos tem reputação de ser calmo, num momento em que a nação está clamando por estabilidade.

- Ele é um pensador político claro. Ele nunca esteve envolvido na política. Ele sabe o que precisa ser feito - disse Thanos Papasavvas, chefe de gerenciamento monetário da Investec Asset Management em Londres.