Título: Ministro defende assessor afastado: Não trabalho com ninguém corrupto
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 11/11/2011, O País, p. 4
Ex-chefe de gabinete, Panellas é acusado de articular cobrança de propina
BRASÍLIA. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, defendeu ontem, de forma veemente, seu ex-chefe de gabinete Marcelo Panellas, que deixou o cargo há seis meses. Segundo reportagem da revista "Veja", Panellas seria um dos articuladores do suposto esquema de cobrança de propina de organizações não governamentais (ONGs) conveniadas com o Ministério do Trabalho, o que teria motivado sua demissão por Lupi, por orientação do Palácio do Planalto. Lupi disse conhecer Panellas, que é tesoureiro do PDT, há 25 anos e ter absoluta confiança nele.
- Marcelo Panellas, tenho absoluta e total confiança nele. A coisa mais fácil de quem não tem caráter é abandonar a pessoa. Não o faço, porque o conheço bem. Não há possibilidade de Marcelo estar envolvido em esquema. Nunca usamos o poder para fazer qualquer tipo de esquema. Coloco minha função, minha vida à disposição, porque confio. Não trabalho com ninguém corrupto - disse Lupi, ao depor na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, onde refutou as denúncias de irregularidades em sua pasta.
Segundo o ministro, Panellas saiu do governo por exigência familiar e, quando trabalhou com ele, estava licenciado do cargo de tesoureiro do PDT. Diante da provocação da oposição de que deveria convencer o ex-assessor a ir ao Congresso esclarecer as denúncias, Lupi disse que Panellas está hoje com problemas de saúde.
Além de se defender, Lupi ataca a imprensa
O ministro insistiu em afirmar que as denúncias foram feitas anonimamente e por representantes de ONGs que não receberam dinheiro do ministério:
- Coincidentemente, a denúncia é em cima de duas figuras anônimas que denunciam esquema e não receberam dinheiro. É surrealista isso. Estou falando da Oxigênio e da Êpa, que não receberam a última parcela. Quando detectamos falha, paramos o pagamento. Está tudo documentado - disse.
Lupi também afirmou que o assessor Anderson Alexandre dos Santos, que, segundo a "Veja", cobrava propina, foi afastado, e não demitido do cargo:
- Anderson está há oito anos no ministério. Solicitei o afastamento. Como fazer investigação com ele no órgão? Ele foi afastado, e não exonerado.
Em quatro horas de depoimento, Lupi demonstrou segurança. Disse que vai buscar a apuração de todos os fatos. Fez duras críticas à mídia e disse esperar o direito de resposta:
- O que nos incomoda é que vivemos numa sociedade que é um verdadeiro tribunal de inquisição. Condena-se sem qualquer prova. Quando começa a tirar soldado, é para chegar ao general. Agora eu vou fundo nessa discussão.
Na audiência, o deputado e ex-assessor do Ministério do Trabalho Weverton Rocha (PDT-MA) - que estaria envolvido no suposto esquema, segundo a "Veja" - também negou a acusação e disse que está processando a revista. (Isabel Braga)