Título: Aneel: investimentos chegarão a R$11 bi
Autor: Oliveira, Eliane; Melo, Liana
Fonte: O Globo, 10/11/2011, Economia, p. 41

Empresas contestam nova fórmula de cálculo

BRASÍLIA. Os investimentos das distribuidoras de energia devem chegar a R$11 bilhões no próximo ano. Esta é a previsão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo o diretor-geral, Nelson Hubner. Este valor é 37,5% superior aos R$8 bilhões que as empresas investiram em 2010. Os números já consideram a queda na lucratividade das empresas, por causa da redução da chamada taxa de remuneração do capital, de 9,95% para 7,5%, decidida anteontem dentro do Terceiro Ciclo de Revisão Tarifária.

Apesar de admitirem os valores indicados pela agência reguladora, as empresas contestam a nova fórmula de cálculo. Sem ela, utilizando a metodologia anterior, os investimentos poderiam chegar a R$13,7 bilhões, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Leite.

As empresas também questionam as metas de qualidade impostas pela Aneel na nova metodologia, argumentando que elas poderão ter impacto nos investimentos. Leite disse que se todas as distribuidoras melhorassem seus indicadores de qualidade, reduzindo as falhas de energia, os investimentos chegariam a R$1,5 bilhão. As companhias com maiores dificuldades terão problemas para melhorar o seu desempenho, porque quanto mais frequentes os blecautes, menor será o retorno na conta de luz a ser paga pelo cliente.

O diretor-geral da Aneel reconhece que a metodologia da revisão tarifária aprovada ontem, que valerá para os próximos quatro anos, vai reduzir o fluxo de caixa das empresas. Mas defendeu que o objetivo é "buscar melhoria da sua eficiência".

Analistas, porém, criticam que a regulamentação aprovada pela Aneel, incentiva ainda mais o avanço das melhores empresas, as mais eficientes. Já as que estão em pior situação deverão ser "engolidas" pelas grandes. Entre as consideradas em situação difícil estão Celg (GO), Cepisa (PI), da Eletrobras, que teria patrimônio negativo, e Celpa (PA).

As revisões com a nova metodologia somente serão praticadas a partir de 2012, depois que forem feitos os cálculos de cada uma das empresas. Vai demorar ainda cerca de cinco meses para a definição do aumento ou da redução das contas de cada uma das 31 distribuidoras que passarão pelo processo. O da Light será em novembro. O da Ampla, em março de 2013. (Mônica Tavares)