Título: Entidade analisa alternativas para derrubar MP
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 10/11/2011, Economia, p. 39

Produções, de R$100 mil a R$700 mil, serão as mais afetadas

BRASÍLIA. Além do debate no Congresso, o representante dos anunciantes diz que os advogados da ABA estudam medidas jurídicas para derrubar os dispositivos da MP. O vice-presidente executivo da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Rafael Sampaio, observa que as médias produções, com custos que variam entre R$100 mil e R$700 mil, serão as mais afetadas. E explica que os argentinos são mais competitivos, da mesma forma que ingleses, pois, além de preço, oferecem alta qualidade de produção.

- O que mais incomoda é a sensação de perda de liberdade. O que assustou foi o aumento do preço e a redução da liberdade. Aliás, não conheço outro país no mundo que financie o cinema com recursos da propaganda. Esse é um velho problema do cinema brasileiro, que não trata da bilheteria como a mais importante forma de receita - disse Sampaio.

A taxa para veicular no Brasil comerciais importados subirá de R$84 mil para R$200 mil. Os filmes brasileiros produzidos no exterior continuarão pagando contribuição R$28 mil. A presidente da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), defendeu o texto da MP 545, dizendo que sua elaboração contou com a participação intensa do setor audiovisual brasileiro e que, até agora, não houve reclamações.

Ancine: mudança serve para proteger mercado brasileiro

A Ancine, por meio da assessoria, informou que os valores do Condecine foram atualizados porque estavam "há mais de dez anos sem atualização". Afirma ainda que a mudança serviu para defender o mercado brasileiro e restringir a importação, que "elimina empregos qualificados, afasta o trabalho de criação dos brasileiros, e prejudica diretamente a produção audiovisual brasileira".

"Em diversos países do mundo se proíbe a importação de obras publicitárias estrangeiras. A atualização foi adotada para defender o mercado audiovisual brasileiro de um crescente ingresso de produções publicitárias estrangeiras no país, fortalecer as agências de publicidade e produtores audiovisuais brasileiros, e assegurar que toda e qualquer obra publicitária veiculada no país seja feita em língua portuguesa, de modo a ser acessível ao conjunto dos brasileiros", afirma a nota. (Roberto Maltchik)