Título: Dilma rejeita acordo com a oposição para mudar a vigência da DRU
Autor: Jungblut, Cristiane; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/11/2011, O País, p. 11

Presidente decide testar base aliada e não altera data prevista no texto

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff rejeitou ontem acordos para reduzir o novo prazo de vigência da Desvinculação de Receitas da União (DRU), dezembro de 2015, previsto na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que começou a ser votada ontem à noite no plenário da Câmara. A expectativa era que a sessão se arrastasse pela madrugada de hoje, já que a oposição avisou que iria obstruir a votação. A tentativa de acordo era justamente para tentar atrair parte da oposição, e a proposta de reduzir para dois anos a nova vigência do mecanismo que permite ao governo mexer livremente em 20% do Orçamento chegou a ser levada ao Planalto.

Mas a presidente Dilma decidiu testar a base aliada, rejeitando as alternativas propostas. Pouco antes das 21h, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), avisou aos deputados que a noite seria longa:

- O governo entendeu que uma proposta de prorrogar por apenas dois anos seria demonstração de fragilidade do governo. A aprovação da DRU se insere no contexto de um enfrentamento da crise. É óbvio que, se conseguíssemos um acordo, seria melhor, mas vamos colocar em votação. Serão, pelo menos, 40 votações nominais esta noite.

O próprio Maia conversou com Dilma e com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que consideraram inviável a proposta do DEM de prorrogação da DRU por apenas dois anos. O governo até aceitaria uma prorrogação por três anos, em vez de quatro. Mas aí foi a oposição que não aceitou.

- Não tem por que Dilma não aceitar os dois anos. Com a prorrogação por três anos, não concordamos. Faremos obstrução máxima - disse o líder do DEM, ACM Neto (BA).

Apesar de todos os líderes aliados terem garantido apoio à aprovação da DRU até 31 de dezembro de 2015, o temor ontem era com a queda do quorum ao longo da madrugada.