Título: Alemanha: Grécia deve fazer reformas ou sair do euro
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Fonte: O Globo, 08/11/2011, Economia, p. 21

Governo e oposição não chegam a acordo sobre novo premier e gabinete

BERLIM, BRUXELAS e ATENAS. A Grécia deve avançar com as reformas econômicas ou abandonar o euro, afirmou o ministro de Economia da Alemanha, Philipp Roesler, em entrevista publicada ontem. "Os gregos têm uma escolha: fazer as reformas dentro da zona do euro ou não fazer as reformas e sair. Não há terceira via", disse Roesler ao jornal "Bild".

Perguntado se achava que os gregos foram "ingratos", Roesler respondeu: "O governo grego deve, pelo menos, entender que em algum momento nossa paciência vai acabar".

Ontem, as negociações entre o primeiro-ministro grego, George Papandreou, e o líder do opositor Nova Democracia, Antonis Samaras, para nomear um novo premier e um gabinete para governar a Grécia pelos próximos meses terminaram sem acordo, segundo o site do jornal grego "Khatimerini". Já o gabinete grego vai se reunir emergencialmente hoje, segundo um porta-voz governamental, que não informou o que será discutido.

O principal nome para chefiar um governo provisório é o de Lucas Papademos, ex-vice-presidente do BCE, disseram autoridades de ambos os partidos ontem. No entanto, como ainda persistem divergências entre Pasok e Nova Democracia, que discutem se o governo interino deve ser liderado por políticos ou tecnocratas, o novo premier só deve ser anunciado hoje.

Há rumores, segundo o "Khatimerini", de que Papademos pediu a participação de alguns membros do gabinete no governo provisório, assim como um período de ação superior aos cerca de três meses previstos. Os pedidos, porém, teriam sido rejeitados pelo Nova Democracia, embora não haja confirmação oficial.

As eleições antecipadas serão realizadas em 19 de fevereiro do ano que vem, segundo o "Athens News". As eleições gerais estavam previstas para outubro de 2013.

Atraso político em Atenas gera preocupação em Bruxelas

O atraso na formação de um novo governo causou preocupação em Bruxelas, onde o chefe do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, disse que tanto o Pasok quanto o Nova Democracia terão de fornecer por escrito quais compromissos serão assumidos para a execução das reformas exigidas pelos organismos internacionais que estão socorrendo a Grécia - UE, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele não espera uma decisão imediata sobre uma nova parcela de ajuda à Grécia.

O ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, reuniu-se ontem em Bruxelas com o alto comissário da UE para Assuntos Econômicos e Financeiros, Olli Rehn. Venizelos divulgou comunicado afirmando que o encontro foi "positivo e produtivo". Antes das conversações, ele deu declarações positivas a respeito da situação de seu país, afirmando que agora há um governo de "responsabilidade nacional" que pode implementar as reformas financeiras exigidas.

- Esta é a prova de nosso comprometimento e de nossa capacidade de implementação do programa (de reformas) e de reconstruir a união.