Título: Líderes prometem a Dilma prorrogar a DRU
Autor: Gois, Chico de; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 08/11/2011, O País, p. 5

Votação acontece hoje; dispositivo permite que governo gaste livremente 20% das suas receitas

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff coordenou ontem uma reunião com a base aliada para garantir o apoio, na votação de hoje, da proposta que prorroga até 2015 a vigência da Desvinculação de Receitas da União (DRU). Esse dispositivo permite ao governo gastar livremente 20% de suas receitas.

Para amarrar o compromisso dos aliados, Dilma convocou para a reunião ministros políticos como Edison Lobão (PMDB), de Minas e Energia; Mario Negromonte (PP), de Cidades; Aldo Rebelo (PCdoB), do Esporte, e Carlos Lupi (PDT), do Trabalho. Segundo a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, todos os líderes se comprometeram a votar a favor do mecanismo.

Para reforçar o pedido do governo de aprovar a DRU, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pintou um cenário econômico sombrio para os próximos anos. Disse, segundo Ideli, que a crise será longa e grave, com implicações econômicas e políticas. Foi a senha para que a presidente falasse da importância da DRU nas medidas para enfrentar a crise. Para 2012, a DRU permitirá ao governo mexer livremente com R$62,4 bilhões.

- A DRU permite ao governo ter condições a mais para enfrentar a crise de forma mais soberana, garantindo o crescimento, a distribuição de renda e a geração de emprego. Nesse sentido, todos os líderes se pronunciaram absolutamente de forma unânime, responsável e coesa, garantindo a base para que nós possamos aprovar, tanto na Câmara quanto no Senado, esta proposta de emenda à Constituição - disse Ideli.

Ela defendeu os deputados e senadores que cobram do governo um maior volume de liberação das emendas parlamentares ao Orçamento. Disse que mais de 80% das emendas já foram empenhadas e que, na sexta-feira passada, houve uma segunda leva de liberações - esses números não conferem com os registrados até aquele dia. E deu razão às queixas dos aliados:

- Nunca antes tivemos um empenho que começou tão tarde. É legítima a reivindicação de parlamentares e absolutamente correta a postura.

Na reunião, os líderes partidários garantiram que votarão a favor da DRU. O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que a base vai votar sem levar a questão das emendas em consideração:

- Votamos amanhã (hoje), sem problema nenhum. A base apoia o governo e vai votar. A questão das emendas nem foi discutida - disse Vaccarezza.

- O governo terá de 380 a 400 votos - disse o líder do PR, Lincoln Portela (MG), informando que o partido votará com o governo.