Título: Após encontro com Dilma, Lupi diz que fica: Sou osso duro de roer
Autor: Pereira, Joelma; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 08/11/2011, O País, p. 4

Ministro do Trabalho afirma querer ver "até onde vai essa onda de denuncismo"

BRASÍLIA. Não se sabe ainda se o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, recebeu do ex-presidente Lula a mesma orientação dada ao ex-ministro do Esporte Orlando Silva, para resistir à fritura - no seu caso, aquecida pelo seu próprio partido, o PDT. Mas Lupi desembarcou ontem em Brasília disposto a brigar por sua permanência no cargo, a despeito da enxurrada de denúncias de irregularidades nos convênios realizados por sua pasta, divulgadas pelo GLOBO e revista "Veja". Lupi avisou ontem que "é osso duro de roer" e defendeu cadeia para quem cometeu ilegalidades.

- O cargo está sempre à disposição da presidente. Agora, eu sou osso duro de roer. Eu quero ver até onde vai essa onda de denuncismo. Eu quero que se apure com profundidade e se prenda, cadeia, para o corrupto e para o corruptor - disse Lupi à TV Globo, no início da tarde, no aeroporto de Brasília, ao chegar do Rio, onde passou o fim de semana.

Ministro reuniu papelada e foi ao Planalto

No meio da tarde, ele não esperou ser chamado ao Planalto para dar explicações. Juntou uma papelada e avisou que iria se encontrar com a presidente Dilma Rousseff para explicar as providências tomadas para apurar denúncias de irregularidades na pasta.

Lupi foi convidado, como outros ministros políticos, a participar da reunião da presidente com líderes dos partidos aliados, para discutir votações na Cãmara. Mas pretendia ter uma conversa particular com Dilma. Ela demorou a acontecer, mas, por fim, a presidente o recebeu por cerca de meia hora. Na reunião ampliada, Lupi, segundo os presentes, entrou mudo e saiu calado. E não recebeu sinal de solidariedade de Dilma ou dos demais ministros.

Após conversar com Dilma, Lupi voltou ao ministério e mostrou confiança de que vai permanecer no cargo. Afirmou ter sentido "plena confiança" da presidente em relação ao seu trabalho.

- Eu sinto da presidente plena confiança em mim. Eu só sou ministro dela por causa disso. Tenho certeza que ela sabe o trabalho que faço. Tenho muita tranquilidade para te dizer que, se teve alguma pessoa fazendo alguma coisa errada, eu quero na cadeia o corrupto e o corruptor. Eu quero os dois.

Lupi enfatizou a necessidade de punir o corruptor:

- O Brasil tem que começar a discutir os corruptores, porque senão, é muito fácil: pega alguém que roubou, que fez uma irregularidade, uma imoralidade, sem pegar quem deu. Tem que levantar essa discussão.

Perguntado sobre os problemas nos contratos com as ONGs, sem fiscalização, disse que houve uma falha administrativa, devido a uma troca de sistema. Segundo ele, dos 500 contratos tidos como irregulares pelo Tribunal de Contas da União (TCU), como revelou o GLOBO, só 20 ou 30 têm alguma irregularidade maior. E afirmou que, até dezembro, por meio de um mutirão, 90% desses contratos serão solucionados.