Título: Ministro se reúne hoje com pedetistas
Autor: Gois,Chico de; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 08/11/2011, O País, p. 3

Lupi enfrenta pressão de colegas de partido, que querem investigação rigorosa

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA. Diante da pressão até de colegas do PDT, que pedem investigação rigorosa, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, marcou hoje reunião com parlamentares e integrantes da Executiva da legenda. Ontem, os deputados Miro Teixeira (PDT-RJ) e Reguffe (PDT-DF) confirmaram a disposição de acionar hoje o Ministério Público, pedindo investigação das denúncias envolvendo a pasta e integrantes da legenda. Miro disse que a reportagem do GLOBO de ontem reforça a necessidade de investigação por mostrar o descontrole na fiscalização dos convênios com ONGs:

- Acrescentei trechos do processo já concluído no TCU. Estou sugerindo que o Ministério Público use prova emprestada até, se quiser, para propor a abertura de ação penal. Pode ir direto para ação penal. O foro é o Supremo (Tribunal Federal) porque há referência a um assessor (Weverton Rocha, PDT-MA), que hoje exerce o mandato de deputado federal - disse Miro. - O PDT tem história, de vitórias e de derrotas e até brigas, mas nunca esteve sob suspeita de envolvimento em prática de corrupção. Além do nosso dever de agir, há a exigência dos militantes. Meu telefone, desde sábado, não parou.

- Não há nenhum pré-julgamento, mas as denúncias são graves e precisam ser investigadas a fundo, doa a quem doer - disse Reguffe.

Indagado se a decisão de acionar o MP não prejudica a permanência de Lupi no cargo, Miro ponderou:

- Nenhuma das reportagens sugere responsabilidade pessoal do ministro, e a trajetória do Lupi não permite supor qualquer tipo de envolvimento dele. Mas, como há denúncias, elas são muito convincentes, em quantidade expressiva. Só o TCU aponta irregularidades em 500 convênios! Estamos diante de algo que sinaliza a existência de uma engrenagem sistêmica.

O líder da bancada na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), disse que a ação é em defesa do PDT e não contra Lupi, que, afirmou, tem o apoio de 80% da bancada. No Senado, Cristovam Buarque (DF) e Pedro Taques (MT), integrantes da Frente Parlamentar que apoia a "faxina ética" do governo Dilma, não disfarçaram o constrangimento:

- O fato é grave e merece ser investigado. O destino político do ministro deverá ser discutido amanhã (hoje) pelas bancadas do PDT. Antes de defendê-lo, preciso ouvi-lo - disse Taques.

- O que mais me incomoda no governo Dilma é que ele não tenha se antecipado a nenhuma denúncia. A presidente só demite e toma providência depois de denúncias feitas pela imprensa - afirmou Cristovam.