Título: Lupi afirma desconhecer investigação da PF
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Fonte: O Globo, 06/11/2011, O País, p. 4

Ministro afasta assessor responsável por convênios com ONGs, que seria suspeito de cobrar propina

BRASÍLIA. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou, por meio de sua assessoria, desconhecer a existência de investigação da Polícia Federal em Sergipe sobre irregularidades em convênios com ONGs realizados pela pasta para treinamento e qualificação de trabalhadores. Quanto aos inquéritos da Polícia Federal e à investigação da Controladoria Geral da União (CGU) sobre convênios suspeitos, o Ministério do Trabalho informou o desconhecimento do ministro.

Segundo a PF, a estrutura das fraudes obedece à lógica dos desvios constatados no Turismo e do Esporte. Perguntada se o ministro sabia da existência desta "estrutura" apontada pela PF, a assessoria respondeu, por escrito: "Não houve nenhum tipo de informação da Polícia Federal relacionado a este assunto com o ministro Lupi".

No meio da tarde, o ministro anunciou o afastamento do coordenador de Qualificação do ministério, Anderson Alexandre dos Santos, responsável pelos convênios. Em reportagem publicada ontem pela revista "Veja", Santos é apontado por dirigentes de duas ONGs - a Oxigênio (RJ) e Instituto Êpa (RN) - como um dos servidores que, supostamente, participariam de esquema de extorsão na pasta, cobrando propina de 5% a 15% sobre o valor dos convênios.

Sobre as denúncias de cobrança de propina, a assessoria de Lupi informou que, além da demissão de Santos, ele solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Policia Federal seja acionada para apurar responsabilidades e apontar "o corruptor destas denúncias".

"Não posso admitir que meus 30 anos de vida pública sejam jogados na lama por conta de covardes que se escondem atrás do anonimato das páginas de uma revista. Pedi ao ministro da Justiça que, através da Policia Federal, leve as investigações até o fim, e aponte nomes, registros telefônicos e tudo mais que possa ser identificado como prova", afirmou Lupi em nota.

Lupi afirma que, caso as investigações apontem irregularidades, quer que todos os envolvidos sejam punidos: "Tanto o corrupto quanto o corruptor. Mas é preciso que as provas apareçam. Não podemos é viver esta onda de denuncismos covardes e vazios contra o governo da presidenta Dilma".