Título: PT atende Lula e Dilma e lançará Haddad em SP
Autor: Sérgio Roxo,
Fonte: O Globo, 12/11/2011, O País, p. 12

Pré-candidatos desistem da disputa alegando que ministro conta com apoio da maioria; partido já busca alianças

SÃO PAULO. O PT saiu na frente na campanha pela prefeitura de São Paulo com a escolha do ministro da Educação, Fernando Haddad, como candidato do partido às eleições do ano que vem. O primeiro passo foi dado ontem, quando os outros dois pré-candidatos petistas, os deputados federais Carlos Zarattini e Jilmar Tatto, desistiram da disputa, fazendo prevalecer, mais uma vez, a vontade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no partido. Enquanto isso, o PSDB, principal adversário do PT no pleito, não definiu sequer a data das prévias.

- Nós do PT já temos um candidato a prefeito, o ministro Fernando Haddad - anunciou o presidente nacional do partido, Rui Falcão.

Zarattini e Tatto se reuniram ontem com Haddad, mas a retirada das pré-candidaturas havia sido definida na véspera. No começo da tarde, os três fizeram o anúncio. Os deputados alegaram que o ministro da Educação havia conseguido apoio da maioria do PT e, por isso, venceria a prévia marcada para 27 de novembro.

- O Fernando Haddad se legitimou nesse processo e conseguiu efetivamente uma maioria no PT. Não tinha sentido seguir nessa toada da disputa. Para quê? Para esgarçar o PT? - questionou Tatto.

- Chegamos à conclusão de que se formou uma maioria do PT em torno do Fernando Haddad. Essa maioria se expressaria na urna. Não tinha porque prosseguir na disputa apenas para aferir aquilo que a gente já tinha conhecimento - afirmou Zarattini.

Para retirarem as pré-candidaturas, os dois deputados colocaram na mesa de negociação a garantia de participação em um eventual governo de Haddad e na coordenação de campanha. Tatto garante que não condicionou sua decisão a uma indicação para assumir, no futuro, a liderança da bancada do PT na Câmara.

No dia 3 de novembro, a senadora Marta Suplicy, ex-prefeita da cidade, até então principal adversária interna de Haddad, havia anunciado a sua desistência para atender a um pedido feito por Lula e pela presidente Dilma Rousseff. Procurada ontem pelo GLOBO, a ex-prefeita não se pronunciou sobre o assunto. O senador Eduardo Suplicy também havia abandonado as prévias, mas por não conseguir o número mínimo de assinaturas para viabilizar a sua candidatura.

Apesar do pedido explícito para que Marta saísse da disputa, Haddad minimizou a influência do ex-presidente Lula na sua escolha como candidato:

-- A opinião dele sobressai diante das demais, mas as demais foram tão importantes quanto a dele para nós chegarmos ao dia de hoje em clima de unidade.

O ministro da Educação anunciou ontem que o seu próximo passo será buscar alianças com outros partidos:

- Vamos estabelecer conversas com os partidos aliados, sobretudo da base da presidenta Dilma, com a mesma humildade que conduzimos o processo até aqui.

Haddad, porém, mostrou-se pouco confiante na possibilidade de conseguir atrair o PMDB, principal aliado do PT no plano nacional, para a sua candidatura e elogiou o provável candidato do partido, o deputado federal Gabriel Chalita.

- Se for decisão do PMDB a manutenção da sua candidatura (de Chalita), como parece a tendência, ele vai ter todo o meu respeito. Vamos discutir ideias e vamos apresentar eventuais diferenças

Ontem, no encontro do diretório paulistano do PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, reafirmou a candidatura de Chalita. No PT, é dado como certo que os dois partidos estarão juntos em um eventual segundo turno da disputa.

Já com relação ao PSD, novo partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a orientação entre os petistas é manter distância.

- O sentimento da militância do PT é de mudança e não de continuidade (em São Paulo) - declarou Haddad.

Mesmo com a candidatura na rua, o ministro disse ontem que não tem ainda uma data para deixar o cargo no governo federal. E transferiu a responsabilidade sobre a sua saída para a presidente Dilma:

- Ela vai determinar o momento adequado.

Enquanto o PT já tem o seu candidato escolhido, o principal adversário do partido, o PSDB, ainda não fixou a data para as sua prévias. Ontem, o ex-governador José Serra mais uma vez descartou entrar na disputa.

- Minhas questões são com relação ao Brasil. Estou focado é na questão brasileira, não municipal - disse Serra.