Título: Planalto se divide sobre a situação
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 18/11/2011, O País, p. 4

Dilma prefere esperar reforma de janeiro, mas até PDT quer saída de Lupi

BRASÍLIA. Após o depoimento do ministro Carlos Lupi, ontem, no Senado, a avaliação feita no Palácio do Planalto é que, por enquanto, ele fica no cargo. Isso porque, diferentemente da semana passada, Lupi foi mais contido nas suas manifestações e, embora não tenha apresentado a "explicação convincente" pedida pelo Planalto, não piorou sua situação política. Também não melhorou.

- O paciente Lupi respira por aparelhos, mas ainda está vivo - resumiu um auxiliar da presidente Dilma Rousseff.

O governo quer pretextos para dar uma sobrevida a Lupi, porque a presidente não deseja novas demissões antes da reforma ministerial prevista para o início de 2012. Essa sobrevida de Lupi foi reforçada pela ação direta do ex-presidente Lula, que o teria incentivado a resistir no cargo. Mesmo não tendo apresentado provas de sua inocência, como prometera a Dilma, seu desempenho foi considerado "ponderado".

A situação de Lupi é muito delicada para o núcleo do governo, até porque ele não eliminou as contradições das versões sobre o uso de um avião providenciado por Adair Meira, dono de ONGs, para sua viagem pelo Maranhão. Um grupo de ministros defende a manutenção de Lupi para que Dilma não fique refém de denúncias da imprensa; outro teme que a permanência dele no governo contamine a pauta do Planalto, principalmente a que precisa ser decidida pelo Congresso antes do recesso parlamentar em dezembro.

Para ganhar tempo, Dilma diz que aguardará a posição política do PDT sobre a permanência de Lupi. Ontem, foi desmarcada uma reunião da Executiva Nacional do PDT que iria avaliar o caso. Oficialmente, foi adiada para a próxima semana por falta de quorum. Mas, segundo dirigentes pedetistas, como o cenário era desfavorável a ele, Lupi trabalhou para adiar a reunião.

Até semana que vem, Lupi tentará mudar a posição majoritária da Executiva, que defende sua saída, para evitar mais desgastes ao PDT. Ontem, o presidente em exercício do PDT, deputado André Figueiredo (CE), disse que não há consenso sobre o destino do ministro. Mas defendeu que ele saia.

- O PDT não vai constranger o ministro dizendo: "Quero que o senhor saia". Essa decisão cabe a ele e à presidente Dilma. O PDT não vai pressionar o ministro a sair nem a ficar. Eu, pessoalmente, defendo que o PDT saia do ministério - afirmou.

Para Figueiredo, o depoimento de Lupi no Senado não mudou a situação:

- Não vejo que tenha saído melhor ou pior. O que me preocupa é o desgaste político. O ministro afirma que não houve desvio de conduta. Nós do PDT não ficamos de provar nada. É uma pergunta que a gente não sabe responder.