Título: Polícia Federal indicia ex-diretor do PanAmericano por lavagem de dinheiro
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 01/11/2011, Economia, p. 25

Palladino nega conduta desabonadora e se diz vítima de "linchamento público"

SÃO PAULO. O ex-diretor superintendente do banco PanAmericano, Rafael Palladino, foi indiciado ontem pela Polícia Federal por envolvimento em lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e crimes contra o sistema financeiro. Palladino esteve na sede da PF em São Paulo para depor, mas recusou-se a responder às perguntas do delegado responsável pelo inquérito que apura as fraudes contábeis que resultaram num rombo de R$4,3 bilhões no banco, de propriedade do empresário Silvio Santos. Depois de ser socorrido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC, uma entidade privada cujas reservas são providas pelos próprios bancos), o PanAmericano foi vendido para o banco BTG Pactual.

Palladino permaneceu por uma hora na tarde de ontem na superintendência paulista da PF e, ao deixar o prédio, negou aos jornalistas ter tido qualquer conduta que o "desabonasse" durante os 22 anos que trabalhou no banco de Silvio Santos. O ex-executivo questionou a ocorrência do rombo na contabilidade da instituição e se disse vítima de um "linchamento público". Segundo sua advogada, Elizabeth Queijo, ele somente falará à Justiça, segundo ela, "uma autoridade imparcial".

Diretoria do banco foi afastada em novembro de 2010

Na semana passada, a PF já havia indiciado Wilson de Aro, ex-diretor financeiro do PanAmericano, pelos mesmos crimes. Segundo depoimentos de ex-funcionários do banco à PF, Wilson de Aro era quem dava as ordens para que as carteiras de crédito já vendidas a outras instituições fossem mantidas como ativos do banco. Foi ao verificar que esse tipo de manipulação se dava de forma sistemática que o Banco Central identificou, em setembro do ano passado, o rombo no balanço do banco.

Dois meses antes, a Caixa Econômica Federal finalizara a compra de 49% das ações do PanAmericano, desembolsando R$740 milhões. No início de novembro, toda a diretoria do banco foi afastada, e o FGC anunciou a injeção de R$2,5 bilhões para manter o PanAmericano funcionando. Uma outra "inconsistência contábil", de R$1,3 bilhão, foi identificada em seguida.

Desde então, um processo administrativo corre no Banco Central, enquanto que a PF conduz inquérito para apurar indícios de gestão fraudulenta do banco detectados pela autoridade monetária.

Executivos estão proibidos de deixar o país

Palladino, de Aro e os outros sete ex-diretores do PanAmericano estão proibidos de deixar o país e tiveram parte de seus imóveis sequestrados por ordem da Justiça. A medida, tomada no último dia 11 pelo juiz Douglas Camarinha Gonzales, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, atingiu também o ex-presidente do Conselho de Administração do banco e braço direito de Silvio Santos, Luiz Sandoval. Na ocasião, o juiz autorizou também novas buscas e apreensões de documentos na residência do ex-diretor jurídico do PanAmericano, Luiz Augusto de Carvalho Bruno, e em empresas de Palladino, que, segundo indícios colhidos pela PF, teria "amplo patrimônio" fora do país.

A PF chegou a pedir a prisão preventiva de todos os investigados, por entender que eles continuariam empreendendo "outras atividades delituosas", como utilização de laranjas para ocultar bens e venda de imóveis por valores irreais.

A pedido da PF, a Justiça também bloqueou contas de investimento e parte do patrimônio dos ex-executivos e de empresas pertencentes a eles, como garantia para o ressarcimento de perdas com as fraudes.