Título: Inflação europeia é a maior em três anos e desemprego atinge recorde
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Fonte: O Globo, 01/11/2011, Economia, p. 22
Na zona do euro, 16 milhões estão sem trabalho. Na UE, são 23 milhões
BRUXELAS e ZURIQUE. A inflação na zona do euro permanece em seu maior patamar em três anos, enquanto o desemprego aumentou, informou ontem o Eurostat, escritório de estatísticas da União Europeia (UE). A inflação ficou em 3% em outubro, mesmo patamar do mês anterior e o maior percentual desde outubro de 2008. Já o desemprego passou de 10,1% em agosto para 10,2% em setembro, o maior nível da série histórica, nos anos 90. Nos 27 países da UE, o desemprego atingiu 9,7% em setembro.
O número de desempregados no 17 países da zona do euro aumentou em 188 mil, para o recorde de 16,2 milhões. Na UE, a alta foi de 174 mil frente ao mês anterior, atingindo 23,2 milhões de pessoas.
As maiores taxas foram de Espanha (22,6%), Grécia (17,6%, dado de julho, o último disponível) e Lituânia (16,1% no segundo trimestre). Os menores índices foram de Áustria (3,9%), Holanda (4,5%) e Luxemburgo (4,8%).
Os dados de inflação e desemprego devem pesar na reunião do Banco Central Europeu (BCE), na próxima quinta-feira - a primeira com o novo presidente, Mario Draghi. A maioria dos analistas ouvidos pela agência Bloomberg News espera que o BCE mantenha os juros no patamar atual, de 1,5%.
Ontem, no entanto, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) fez um apelo para que o BCE reduza os juros, a fim de evitar uma recaída na recessão. A OCDE estima que a economia da zona do euro registra crescimento de apenas 0,3% em 2012.
- Há fortes razões para que o BCE ignore a inflação de 3% e reduza as taxas de juros em pelo menos 0,25 ponto percentual - disse à Bloomberg Howard Archer, economista-chefe da consultoria IHS Global Insight. - Há sinais de que a pressão subjacente nos preços está diminuindo face à debilidade da atividade econômica e do elevado desemprego.
A economia espanhola, por exemplo, estagnou no terceiro trimestre, informou ontem o Banco da Espanha, o BC do país. Em grande parte, afirmou a autoridade monetária, isso se deveu ao agravamento da crise da dívida soberana na zona do euro. Frente ao primeiro trimestre (que registrara alta de 0,4%), o crescimento foi de apenas 0,2%. Em relação ao mesmo período de 2010, o PIB avançou 0,7%. Os dados ainda serão revistos.