Título: Tumor na laringe de Lula é de média agressividade
Autor: Ribeiro, Marcelle; Farah,Tatiana
Fonte: O Globo, 01/11/2011, O País, p. 11

Ex-presidente começa o tratamento contra o câncer; médicos acreditam que ele não terá que passar por cirurgia

SÃO PAULO. O tumor que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva tem na laringe é de média agressividade, segundo os médicos que o acompanham. Ontem, Lula começou a fazer quimioterapia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Os médicos descartam a necessidade de cirurgia e disseram que a voz dele pode sofrer alterações mínimas devido à doença. A previsão é que o tratamento somente seja concluído em fevereiro.

Lula chegou ao hospital - o mesmo em que o ex-vice-presidente José Alencar e a presidente Dilma Rousseff fizeram tratamento contra câncer - pouco antes das 10h, acompanhado da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ele entrou pela garagem e não falou com a imprensa.

- Ele chegou de bom humor e muito confiante - disse o médico particular de Lula, o cardiologista Roberto Kalil Filho.

Segundo Kalil Filho, ao dar entrada no Sírio-Libanês, Lula não tinha problema de saúde que pudesse complicar o tratamento, como hipertensão. E os exames feitos no fim de semana mostraram que o tumor não é raro.

- Como é um tumor mais comum, tem uma agressividade clássica dos tumores nessa região. Tem um crescimento razoável se não for tratado. Mas nossa expectativa é que responda bem ao tratamento. O nível de agressividade do tumor é médio - disse o oncologista Paulo Hoff, que tratou Alencar e Dilma.

Segundo os médicos, há 20 anos, era comum um paciente como Lula ser submetido a cirurgia na laringe para retirar o tumor. Porém, estudos mostram que hoje a quimioterapia e a radioterapia têm resultados iguais, e permitem preservar a laringe, as cordas vocais e a voz.

- Por enquanto, não há previsão de cirurgia para Lula - explicou Hoff.

- Se o tumor não responder (à quimioterapia e à radioterapia), é feita uma cirurgia que preserve a voz, não a voz com a qualidade que tem hoje. Mas, pela extensão e localização, ele (Lula) tem chances muito boas de não precisar - disse o oncologista Luiz Paulo Kowalaski.

Segundo Kowalaski, se fosse necessária cirurgia, parte das cordas vocais teria de ser retirada como margem de segurança, pela localização do tumor, com 2cm a 3cm. Os médicos dizem que com quimioterapia e radioterapia são mínimas as chances de a voz de Lula ser afetada.

- O tratamento pode deixar uma pequena alteração de voz. Dando tudo certo, seria alteração mínima, sem impacto nas atividades normais - afirmou Paulo Hoff.

Tratamento será avaliado dentro de 40 dias

Lula será submetido a três ciclos de quimioterapia, com intervalos de 21 dias. Ele deve deixar o Sírio-Libanês por volta das 11h de hoje e ir para casa em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Os amigos terão que manter distância por recomendação médica, mas ontem, por volta das 18h30m, ele recebeu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, seguido pelo advogado Roberto Teixeira, amigo de todas as horas, e a presidente Dilma Rousseff, que por volta das 19h chegou ao hospital acompanhada pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Um cateter foi implantado no tórax e uma bomba de infusão vai levar o remédio ao organismo de Lula. No 1º dia de cada ciclo, o tratamento será no hospital. Mas continuará em casa, já que medicamentos permanecerão sendo injetados pelas 120 horas seguintes. A quimioterapia deve terminar no fim do ano. Em janeiro de 2012, Lula deve passar por radioterapia. Os médicos afirmaram que em 40 dias será feita avaliação para saber se o tratamento está dando certo.

O papa Bento XVI, por meio do embaixador brasileiro no Vaticano, Almir Barbuda, disse ontem que está preocupado com a saúde do ex-presidente e irá orar por seu restabelecimento.