Título: CGU defende pente-fino em ONGs
Autor: Aparecida, Joelma
Fonte: O Globo, 01/11/2011, O País, p. 5

Para oposição, medida do governo é "confissão de culpa" e "paliativo tardio"

BRASÍLIA. O ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, defendeu ontem a decisão da presidente Dilma Rousseff de realizar um pente-fino nos contratos feitos com organizações não governamentais (ONGs). Em decreto, a presidente suspendeu os repasses por 30 dias e determinou a devassa em todos os convênios firmados entre o governo federal e essas instituições. Segundo Hage, o objetivo é separar as ONGs sérias das ONGs fantasmas:

- É essa distinção entre as ONGs sérias, qualificadas, e essas ONGs até fantasmas que a presidente Dilma fez questão agora de estabelecer.

Perguntado se o prazo estabelecido pelo decreto será suficiente, Hage afirmou que reunirá pessoal de diferentes ministérios numa força-tarefa para poder ajudar a CGU. Segundo o ministro, nesses 30 dias será feita uma verificação da situação. Depois haverá mais 60 dias para a correção de situações irregulares. Após isso, haverá uma retomada normal, com as ONGs sérias.

A oposição criticou o governo, dizendo que a medida é "confissão de culpa" e "paliativo tardio", não sendo suficiente para sanar o problema. O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que o governo está reconhecendo sua incompetência em impedir a corrupção.

- A medida anunciada agora pela presidente Dilma precisa ser vista, em primeiro lugar, como uma confissão de culpa. Em segundo lugar, o decreto não passa de um paliativo tardio, uma espécie de satisfação à opinião pública. Trata-se de usar band-aid para tratar de fratura exposta - afirmou Bueno, questionando a lisura com que a medida será aplicada:

- Como confiar em pente-fino sob a responsabilidade dos mesmos técnicos que, tempos atrás, como ocorreu no Ministério do Esporte, fabricaram documentos para escamotear fraudes cometidas por ONGs?

Para Bueno, o decreto vem com atraso, uma vez que, já em 2006, surgiram denúncias contra ONGs. Desde então, segundo ele, o Planalto não fez nada para impedir as irregularidades e, só no atual governo, ONGs foram causa direta da queda de três ministros: Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).