Título: Aldo agora diz ter grande apreço pelas ONGs
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 01/11/2011, O País, p. 4

Novo ministro reafirma, no entanto, que não fará mais convênios com entidades não governamentais

Maria Lima,Luiza Damé e Demétrio Weber

BRASÍLIA. O novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse ontem que não é inimigo das organizações não governamentais (ONGs), mas reiterou que não celebrará novos convênios com essas entidades. Após tomar posse no Palácio do Planalto, ele declarou que o ministério vai priorizar parcerias com órgãos públicos, prefeituras e governos estaduais na execução dos programas. Sobre a nova equipe que deverá ser instalada no segundo escalão do ministério, afirmou que ainda não tinha nomes definidos - ele próprio disse sexta-feira que pretendia anunciá-los ontem, na posse.

- A primeira coisa que tem que ficar clara é que o ministério e eu não somos inimigos das ONGs. Eu tenho um grande apreço pelas ONGs e pelo seu trabalho. Só que, pelo próprio nome, são organizações não governamentais. Então, a prioridade do governo é outra, é trabalhar com órgãos do governo, mas nós não rejeitamos a presença nem a ação das ONGs - disse Aldo.

Convênios com ONGs não serão renovados

O novo ministro deixou claro que os atuais convênios com ONGs serão mantidos e concluídos, mas não renovados. E garantiu que será cumprida a determinação da presidente Dilma Rousseff de auditar todos os convênios com essas entidades.

- Os (convênios) que estão em curso são contratos já formalizados. Se você rompe um contrato, há consequências jurídicas decorrentes desse seu ato. Agora, aqueles que forem encerrados, a minha ideia é não renovar nem fazer novos. Priorizar entes públicos ou outras instituições sem fins lucrativos, mas isso eu vou examinar direito.

Segundo Aldo, o pente-fino é uma determinação da presidente e deve ser feito no prazo estabelecido:

- É uma determinação do governo (suspensão de repasse a ONGs por 30 dias) e nós não temos a priori que pensar se é muito tempo ou pouco tempo. Temos que pensar que é uma tarefa a cumprir e nós vamos procurar cumprir, dar conta da nossa responsabilidade.

Depois da posse no Planalto, Aldo seguiu para a solenidade de transmissão de cargo no Ministério do Esporte. Ele lembrou que a delegação de tarefas para ONGs virou prática corrente na vida pública brasileira nas últimas duas décadas.

- Havia uma convocação para que as ONGs participassem do governo. Inclusive em pronunciamentos de presidentes da República, antes do presidente Lula. Então, havia esse apelo, a ideia de que o Estado era uma coisa muito pesada, que deveria buscar o apoio subsidiário para o desempenho das suas funções nas ONGs. E daí que se multiplicaram essas entidades. Hoje, são 400 mil ou 500 mil atuando no Brasil. O papel delas é importante, é fundamental. O que eu não acho é que elas possam substituir o papel do Estado e dos entes públicos

A tarde terminou sem que Aldo anunciasse sequer um nome da nova equipe - nem mesmo o do secretário-executivo, número dois na hierarquia da pasta. Segundo o ministro, a ideia é mesclar gente nova e atuais membros da equipe herdada de Orlando Silva. O anúncio deverá ser feito hoje ou amanhã.

- Pretendo manter um equilíbrio entre continuidade e renovação. Vamos fazer isso com prudência e agilidade - disse Aldo.

Indagado sobre a presença da dirigente do PCdoB paulista Nádia Campeão - cotada para ocupar a Secretaria Executiva - na solenidade de posse, Aldo disse que não há nada definido. Deu a entender que ainda estaria fazendo sondagens, no setor público e privado, e mencionou uma dificuldade a mais: os altos salários no meio esportivo:

- São muito caros. A não ser que eu encontre alguém querendo fazer um sacrifício pela pátria - brincou.

Nomes da equipe de Orlando podem ficar

Aldo admitiu a possibilidade de manter secretários de Orlando, mas ressalvou que isso dependerá da composição geral da equipe. Ele usou até uma imagem futebolística, dizendo que não se pode escalar dois pontas-direitas no mesmo time. E reiterou que poderá chamar pessoas de fora do PCdoB.

Em seu discurso, Orlando chegou a elogiar a atuação do atual secretário-executivo Waldemar de Souza. Indagado se isso era uma sugestão de Orlando para que o subordinado continuasse no cargo, Aldo respondeu:

- Como que o Orlando iria dizer alguma coisa diferente da equipe dele?